quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Icaro Leal Alves - Postagem no grupo História UCSAL



Camaradas, minha última postagem no grupo História UCSAL, o texto Paciência, em resposta a uma discussão iniciada nos comentários da minha postagem anterior no grupo citado. Depois dessa longa argumentação, tudos o que um dos tratantes que estavam acusando a Comunidade Stálin e a mim de sermos tendenciosos e panfletários conseguiu "argumentar" foi "desculpas, não entro em querelas com devoto". Só pode ser piada né? 

Segue o texto, gostaria de ver as reflexões sempre muito interessantes dos camaradas:

Paciência

Introdução.

Olá colegas de curso. Vou começar por explicar o motivo desse post.

Hoje pela manha postei aqui nesse grupo um link de um pequeno artigo intitulado “O povo não queria a dissolução da URSS”. Que esta disponível no site da Comunidade Stálin.

Pouco depois fui respondido com um comentário de um dos nossos colegas. Que afirmava “Muita gente com medo de votar contra e ser perseguido”. Ao que respondi explicando como as autoridades do período já estavam interessadas na dissolução da União Sovíetica e já era dirigida por restauracionistas há muitos anos. Informação que se encontra no próprio texto, bastava ler:

“Em 17 de março de 1991 ocorreu na União Soviética um referendo sobre sua manutenção. Mas um importante setor do aparato estatal, liderado por Yeltsin e Gorbachev, estava empenhado em acabar com a existência da União e do socialismo. Os agentes do imperialismo souberam aproveitar a debilidade e a política capitulacionista de Gorbachev para confrontar etnicamente os distintos povos que formavam toda a União. Neste contexto foi realizado este referendo.” (primeiro paragrafo do artigo).

Logo em seguida, mais um colega passou a participar da conversa. Que afirmava por sua vez: “Matéria claramente tendenciosa.” E “Por que Chico conta mentira vamos validar a mentira de Zé?” dando a entender que os comunistas produziam mentiras.A afirmação não foi provada. Ao meu desafio de que o colega encontrasse alguma mentira nos artigos da minha autoria fui respondido com desdém: “Ícaro, publique seus artigos em eventos e revistas de História e não de propaganda ideológica. Aí eu aceito seu desafio.” A tal afirmação eu poderia ter muito bem respondido que não estou disposto a discutir sobre a União Soviética com pessoas que não estão familiarizadas com o assunto, mas, com toda paciência do mundo, eu me disponho a responde aos nobres colegas.

A lista de comentários com vocês podem observar no grupo termina com o comentário dos meus colegas e não com os meus. É a esses comentários que eu pretendo responder aqui. Como se trata de um tema muito interessante, eu julgo ser justo responder em forma de nova postagem e não de comentário.Relembrando que o interesse que cada um possa apresentar por esse tema fica a critérios de elementos muito subjetivos que se transformam muito radicalmente e não servem como critério em absoluto da qualidade das coisas.

1-Trotsky foi removido de documentos soviéticos, seu nome era proibido na URSS?

Aqui transcreverei as palavras do nosso colega; “Cara... o Caso que me referi foi a de manipulação de documentos...Como apagarem ele (Trotski) de fotos.. retirarem o nome dele de documentos..” Logo em seguida, nosso colega levanta a questão extremamente justa “Ou será que isso não aconteceu???”

Por que julgo que tal questão seja tão justa. Basta ver uma série de exemplos de manipulação de informações no referente aos países socialistas, ou mesmo a países que por orientações nacionalistas se põe contra os ditames da ordem mundial do capital. Tudo que clamo – e para saber disso basta aceitar o desafio de ler qualquer coisa que eu tenho escrito – é que essas informações sejam analisadas com maior rigor. Peço só como exercício de reflexão que vocês busquem informação sobre a recente publicação da Folha de São Paulo, onde se afirma que a Coreia do Norte havia confirmado a existência de um unicórnio. No mesmo dia a matéria do jornal foi desmascarada. O que a Coreia do Norte havia confirmado era o achado arqueológico intitulado “A Caverna do Unicórnio”. Trata-se dum local de repouso pertencente aos imperadores coreanos na antiguidade.

Mas, para não nos desviarmos do tema. Realmente existiu a remoção de Trotsky de fotos e documentos soviéticos? Vejamos. Há alguns meses escrevi e publiquei no meu blog um artigo intitulado “Estudando uma fotomontagem”; http://www.republicasocialista.blogspot.com.br/2012/10/estudando-uma-fotomontagem.html Onde analiso um famoso caso de “fotomontagem” do período stalinista, que por uma feliz coincidência do destino foi apresentada no fantástico na mesma semana em que publiquei o artigo no meu blog, como sendo “o maior caso de falsificação de fotos da história”. Nele demonstro que a tal fotomontagem era na verdade um desenho, com assinatura e tudo, por tanto nunca teve a pretensão de enganar ninguém. O artigo foi reproduzido na Comunidade Stálin e no Iglu Subversivo.

Como vocês podem ver no link, o caso não trata de Trotsky, mas sim de Kirov, que foi um membro da ala stalinista. Mas acontece que pesquisando esses casos de fotomontagem encontrei toda uma serie de fotomontagens suspeitas e, em alguns casos, pode concluir que não se tratavam em definitivo de uma fotomontagem. Vejam como as coisas são. Também analisei uma foto, onde aparece Lênin discursando num palanque e Trotsky na parte lateral do palanque. Num livro editado pela Sundermmann, o mesmo onde encontrei a “fotomontagem”-pintura assinada aparece também essa foto com uma segunda, onde Trotsky já não aparece. Analisei as imagens e constatei que eram duas fotos diferentes. Momentos diferentes do mesmo discurso. Numa Trotsky estava, na outra ele havia saído do local onde estava disposto. Que não é uma fotomontagem a analise da disposição da plateia prova. Analise da disposição de Lênin no palanque também.

Não disponibilizei essa analise ainda, mas dentro de algumas semanas o farei no meu blog. Trata-se de um exercício muito interessante para se entender como se constroem as mentiras do anticomunismo.

Outra questão é; Trotsky teria sido removido de documentos históricos? Bem, qual seria a utilidade da remoção do nome de Trotsky de documentos históricos? Só poderia ser uma; apagar seu nome da história, falsificando-a e negando que ele tenha participado. Tal feito nunca ocorreu e o nome de Trotsky nunca foi apagado da História. Nunca se negou a sua participação na Insurreição de Petrogrado, nunca se negou sua participação na condução do Exército Vermelho durante a guerra civil, nem que ele tenha sido membro do Comissariado do Povo (equivalente ao conselho de ministros) ou do Birô Político do Comitê Central (órgão máximo de direção do Partido Comunista). O que se fez foi sim um discussão ampla de seus posicionamentos políticos e a refutação desses como perniciosos para a construção do socialismo.Afirmei em um dos artigos que publiquei no meu blog, que mais tarde foi reproduzido no site do Coletivo Bandeira Vermelha e também da Comunidade Stálin, que Trotsky fazia uma leitura economicista do Marxismo o que o levou a negar a possibilidade da edificação do socialismo na URSS e a propor uma organização do trabalho baseado na militarização. Foi a esse tipo de crítica que ele foi submetido na URSS.

Em um compêndio intitulado História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS, que disponho, e que foi produzido em 1938, portanto auge de Stálin, pelo próprio Partido Comunista Soviético e sob a direção direta de Stálin, o nome de Trotsky aparece citado em todos os capítulos, exceção do primeiro que trata da “pré-história” do movimento operário russo, quando Trotsky ainda era um menino. Não se busca nessa obra que pode ser considerada como a mais oficial das Histórias oficiais soviéticas sobre o período de Stálin, produzida sob a coordenação do próprio Stálin, não se nega em nenhum momento o papel de Trotsky em todos os fatos que mencionei. O que se faz é a discussão e crítica de suas orientações políticas.

O nome de Trotsky não é removido da História. Portanto pode-se responder ao questionamento do nosso colega; sim, isso nunca aconteceu.

Podemos também fornecer para quebrar esse mito outro material;http://www.materialismo.net/2012/05/morte-de-um-espiao-internacional.html O link atrás tem a tradução da uma notícia da morte de Trotsky que circulou em 1940 na URSS através do jornal Pravda (jornal oficial do Partido Comunista Soviético). Como se vê pela leitura da introdução feita por Fishuk, que é o tradutor do texto, ele está isento de qualquer simpatia por Stálin, e por isso deve ser “imparcial” e não “ideológico”. Pois bem, a noticia que nosso tradutor imparcial e não-ideológico nos trás é um documento valioso para analisar essa questão. Afinal, o nome de Trotsky não foi removido da História Soviética ao ponto de se produzir falsificações de documentos e fotografias para isso? Então porque o jornal do Partido se preocupa em noticiar a morte desse “ausente” da História oficial. A incoerência é a medula óssea da propaganda anticomunista meus colegas. É óbvio que a rejeição a Trotsky é uma constante na URSS, e as palavras direcionadas a ele são duras, e isso se justifica, mas não é verdade que ele tenha sido removido da História oficial.

2-A Comunidade Stálin

Outra questão que julgo ser necessário esclarecer e debater é sobre a Comunidade Stálin. Segundo um de nossos colegas o titulo já diz para que ela existe. Concordo, até porque isso é obvio. A comunidade serve para a discussão histórica do período de Stálin. Quanto as suas afirmações seguintes já não dá para ter tanto consenso. Vejamos porque...

Nosso colega afirma: “Olhei a página e não vi historiadores”. Ora, Ora, surpreendente. Como se nota pelo comentário provavelmente o colega não considera minhas contribuições como feitas por um historiador. E com certeza mesmo com todo meu esforço e paciência para argumentar questões históricas como no tópico anterior continuará não considerando. Mas o estranho é que o administrador do site; Charles Engels é também estudante do curso de história. Mas estranho ainda é esse link: http://comunidadestalin.blogspot.com.br/search/label/Grover%20Furr O link que nos direciona para uma baba do site Comunidade Stálin, trás mais de 10 artigos escrito pelo historiador norte-americano Grover Furr. Historiador da Universidade de Montclair State University (New Jersey), Furr publicou há dois anos um livro sobre a História Soviética baseado em documentação e colaboração de historiadores soviéticos e é muito conhecido pelos que se interessam pelo tema e o tratam com seriedade. Fora o Furr, que séria uma espécie de alta-hierarquia da historiografia sobre a URSS, existem muitos outras artigos produzidos por historiadores do seu nível e baixa-patentes, vamos dizer assim.

Nosso colega, apesar de negar, parece sim hierarquiza as pessoas por semestres graus etc. e talvez por isso não tenha considerados minhas contribuições e as do Charles para o site como contribuições de historiadores. Mas se é assim deveria ter se detido um pouco mais na pesquisa do site e logo descobriria que ele trás sim artigos de figuram que atendem ao seu elitismo acadêmico.

Por sinal o nosso colega dá a entender que não existe uma discussão baseado em fontes no site indicado e por isso trata-se de uma produção panfletaria. Chega a ser risível. Como já afirmei em outro lugar, quem está familiarizado com a produção historiográfica sobre a URSS sabe muito bem que panfletários foram os cânones do chamado “paradigma histórico da guerra fria”. Vamos num deter num exemplo que é significativo.

Disponho de um vídeo documentário que muitos de vocês devem conhecer. Chamado Stálin Versos Trotsky. Nesse documentário aparece um depoimento de um famoso historiador inglês, Robert Conquest. Ele afirma que o regime de Stálin foi o mais terrível. Produzindo crimes diversos contra a humanidade, chegando inclusive a tentativa de extermínio da população ucraniana por uma fome planejada. Acontece que esse historiador é o mestre do paradigma histórico da guerra fria. Antigo agente do serviço de inteligência inglês dedicou-se a luta anticomunista de longa data e depois tornou-se historiador, continuando a mesma luta. Entre outras coisas li a pouco tempo seu livro “O Grande Terror”. Deixando uma opinião pessoal sobre a obra, me impressionou muito como ele apresenta suposições e rumos como provas. São muitas as passagens em que ele diz “existem rumos” e toma isso por prova definitiva. Não se limita a isso, mas também supõe e dá sua suposição por prova. Para Proudhon supor Deus era nega-lo. Para o paradigma histórico da Guerra fria a lógica se inverte e supor, o que quer que seja, é provar.

Mas não para por ai. A já citada teoria de Conquest da fome-genocídio foi divulgada desde os anos 1930 pelos nazis. Conquest dá legitimidade acadêmica a tais campanhas com livros que trazem as horrendas fotos da fome. Mas veja o que se sucede com sua campanha:

“No entanto os milhões de mortos de fome na Ucrânia apresentados na imprensa americana de Hearst e a sua utilização em livros e filmes era material completamente falso. O jornalista canadiano Douglas Tottle demonstrou rigorosamente essa falsificação no seu livro "Fraud, Famine and Fascism, The Ukrainian Genocide Myth from Hitler to Havard" editado em Toronto em 1987. Entre outras coisas Tottle mostrou que o material fotográfico apresentado, fotografias horriveis de crianças esfomeadas, foi tirado de publicações do ano de 1922 numa altura em que milhões de pessoas morreram na guerra e de fome, quando oito exércitos estranjeiros invadiram a União Soviética durante a guerra civil de 1918 - 1921. Douglas Tottle apresenta também os factos sobre a reportagem da fome, feita em 1934 e demonstra a mixórdia de mentiras publicadas na imprensa de Hearst.

“O jornalista que durante muito tempo tinha enviado reportagens e fotografias das chamadas zonas da fome, um certo Thomas Walter, nunca tinha estado na Ucrânia, mas apenas estado em Moscovo durante cinco dias. Este facto foi revelado pelo jornalista Louis Fischer, o então correspondente de Moscovo do jornal americano The Nation. Fisher revelou também que o jornalista M. Parrott, o verdadeiro correspondente em Moscovo da imprensa de Hearst, tinha enviado a Hearst reportagens que nunca foram publicadas, sobre as ceifas com muito bons resultados em 1933 na União Soviética e sobre uma Ucrânia soviética em desenvolvimento. Tottle mostra-nos também que o jornalista que fez as reportagens sobre a suposta fome para Hearst, o tal Thomas Walker, na realidade se chamava Robert Green, um condenado escapado da prisão estatal do Colorado! Este Walker, ou seja Green, foi preso no retorno aos EUA e confessou em tribunal nunca ter estado na Ucrânia. Todas estas mentiras sobre os milhões de mortos de fome na Ucrânia nos anos 30, uma fome que teria sido provocada por Stáline, só vieram a ser conhecidas e desmascaradas em 1987! O nazista Hearst, o agente da policia Conquest e outros, têm intrujado milhões de pessoas com as suas mentiras e falsas reportagens. Ainda hoje aparecem as histórias do nazi Hearst em livros recem editados, de escritores pagos pela direita.” (Mário Sousa in Mentiras sobre a história da União Soviética, disponível emhttp://www.mariosousa.se/MentirassobreahistoriadaUniaoSovietica.html).

Depois disso basta comentar que o próprio Conquest, antes bastião, hoje rejeita a tese da fome-genocídio. Esse texto do Mário Sousa está disponível também na comunidade Stálin. Sousa demonstra entre essa toda uma série de mentiras sobre a história da União Soviética valendo-se dos relatórios e obras de historiadores que consultaram os arquivos secretos soviéticos abertos com o fim do regime socialista, como o historiador J. Arch Grey, e que não legitimam as campanhas de mentiras Conquest e outros.

Apesar de disponibilizar trabalhos como esse, são a comunidade Stálin e eu que não temos nada a oferecer de interessante para a reflexão histórica da URSS. Só lamento tal opinião infundada, que demonstra o ódio anticomunista de quem as guarda.

3-Paciência

Por fim, deixo vocês com essa reflexão. Mesmo tendo sito mais uma vez acusado pelo preconceito anticomunista dediquei algum tempo do meu dia para ler tais comentários e acusações como “tendencioso”, “mentiroso”, “sem grau de aprofundamento metodológico” de pessoas que pelo que ficou claro nas conversas não tem muitos conhecimentos sobre o tema discutido e que é meu predileto e a qual dedico todos os dias algumas horas do meu dia para ler e estudar. Agora mesmo interrompi uma ótima leitura; Bukharin – uma biografia política (de Stephen Cohen). Recomendo e advirto, trata-se de anticomunista fervoroso, mas que adoro ler, pois é um bom exercício de reflexão, muito bom pra quem lê com olhar crítico. Apesar das minhas paciência em ler tais comentários meu desafio de que as pessoas que me acusavam de tendencioso e sem preparo lessem meu artigos foi negado, porque supostamente estariam disponíveis em portais de pouca credibilidade. Quanto a credibilidade acredito que já argumentei demais.

Outro detalhe interessante é que se argumentou também sobre o baixo interesse aos meus artigos e postagem. Se os colegas tivessem a paciência de pesquisar a palavra Stálin no google veriam que o site da Comunidade Stálin é um dos primeiros a aparecerem demonstrando o grande interesse do publico especializado no tema por ele.

Ah, já ia me esquecendo. Sim colega, já li o Bloch desde o primeiro semestre. Não encontrei nada que legitime o uso de fotos falsas como prova histórica, como é feito pelos anti-comunistas. E é por isso que venho escrevendo e denunciando esse tipo de coisa e continuarei a fazer. No mais, também sugiro que pergunte a meus colegas de semestre sobre minhas aptidões intelectuais e meu gosto pela leitura. Acredito que a opinião será unanime e positiva, pelo menos entre os do meu semestre.

Fonte - http://www.facebook.com/groups/107707099308262/

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