quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DEBATE: Bertone Sousa, o ex-toureador ataca denovo

Por Cristiano Alves

O artigo abaixo é uma tréplica de um artigo denominado "Cristiano Alves: um stalinista incurável", escrito por um charlatão denominado Bertone Sousa. Ele traz uma série clichês comuns à direita, alguns sem qualquer laivo de veracidade, apresentado pelo professor da UFT e histérico anticomunista.




Alguns leitores devem ter tomado conhecimento de um certo "Bertone Sousa", indivíduo prepotente, histérico ante a ideia de que a dogmática anticomunista na qual crê cegamente, tal como um cálculo matemático, na realidade carece de veracidade e de provas. De fato, comentando com alguns amigos historiadores apresentei o blog de tal sujeito e citei o seu artigo. Estes, ao tomar conhecimento do dito cujo, rapidamente duvidaram do diploma do sujeitinho citado, um deles, o historiador e professor formado pela UFBA Gilberto Oliveira, inclusive chegou a pesquisar sobre o sujeito, duvidando de que realmente fosse historiador. Percebeu o historiador baiano que o o ex-toureador Bertone formou-se recentemente pela UFMA. Ainda, desmantelou o mito de que "Stalin matou milhões", citando professores seus que apoiaram-se em dados estatísticos já citados em outros artigos em A Página Vermelha.


Aqui um exemplo do nosso professor "moderado" e machista numa resposta desproporcional a uma das críticas de seu artigo, a doutora Angela, advogada catarinense, a quem ele insulta como "burra e desmiolada", ao estilo "Conde Vila Nova"

Ao que parece, o tal Bertone Sousa, revoltado com o tom do artigo, que nitidamente desmascara quase todas as suas mentiras, deixando algumas passar em razão do tamanho da discussão e já esperando um artigo contra este site, resolver escrever um artigo injuriante e difamatório denominado "Cristiano Alves, um stalinista incurável", como se isso fosse uma doença. De fato, a maioria das pessoas que defende o marxismo-leninismo, isto é, as ideias de Marx, Engels, Lenin e Stalin são chamadas de "stalinistas", geralmente em tom pejorativo, para apresentar tais indivíduos como sendo "a extrema-esquerda", "nazistas vermelhos". Certa vez, o marxista-leninista britânico William "Bill" Bland mencinou numa palestra à Sarat Academy cujo tema era "stalinismo", que não existe "stalinismo, mas marxismo-leninismo", entretanto, como bem ensina o magíster britânico "não há maior honra para alguém que aspira ser um grande marxista-leninista do que ser chamado de stalinista".

"Não há maior honra para alguém que aspira ser um grande marxista-leninista do que ser chamado de stalinista" William Bland

É sabido que a maioria das pessoas conta em média quatro mentiras em um período de dez minutos, todavia Bertone Sousa não é apenas um mal profissional, um palpiteiro desequilibrado, como é principalmente um mau caráter, razão pela qual mente compulsoriamente em seu texto "Cristiano Alves: um stalinista incurável". Como prova de uma mentira contada por Bertone Sousa temos aqui a seguinte sentença em seu artigo supracitado:

"Primeiro ele tentou dizer que não havia antissemitismo na União Soviética. Quando lhe provei que houve, ele mudou de assunto"

Ora, qualquer pessoa que tenha acessado ao artigo "Lenin e o comunismo", de B. Sousa, e seus comentários fica convidada a encontrar nele qualquer referência a antissemitismo. Em nenhum momento Bertone "provou que houve antissemitismo na URSS", e em nenhum momento foi "mudado de assunto". Basta ir no artigo "Lenin e o comunismo", digitar "CTRL+F" e entrar com as palavras chaves "antissemitismo" ou "anti-semitismo", no máximo irá encontrar na página do ex-toureador quatro referências para a palavra "judeu" que nada tem a ver com a afirmação de Bertone. Aliás, se o nosso ex-toureador tivesse se atrevido a fazer tal afirmação, isso seria um prato cheio para esculachá-lo e denunciá-lo como charlatão, mentiroso e mau caráter que é! Será que B. Sousa tem alguma noção do que é "antissemitismo"? Vejamos aqui uma citação de um célebre antissemita alemão:

"Judeus e mosquitos são incômodo para a humanidade, que deveria se livrar deles de um jeito ou de outro... eu sugiro que o melhor seria o gás"1

Agora comparemos essa citação, do Kaiser Guilherme II, com uma resposta de Stalin a uma organização judaica norte-americana:

"Em resposta à sua pergunta: O chovinismo nacional e racial é um vestígio de costumes misantrópicos característicos do período do canibalismo. O antissemitismo, uma forma extrema de chovinismo racial, é o mais perigoso vestígio do canibalismo. O antissemitismo é a vantagem dos exploradores, tal como um condutor de energia que visa atingir o povo trabalhador no capitalismo. O antissemitismo é perigoso para o povo trabalhador por ser um falso caminho que os leva os retira da estrada correta e os põe na selva. Assim, os comunistas, como consistentes internacionalistas, não podem ser senão inimigos jurados, irreconciliáveis, do antissemitismo. Na URSS o antissemitismo é punido com a as mais severas leis tal como um fenômeno profundamente hostil ao sistema soviético. Sob a lei da URSS, antissemitas ativos são passíveis de pena de morte"2

Como vemos aqui, o Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética e premier do Estado soviético menciona ser o antissemitismo passível de pena de morte, normalmente efetuada através de fuzilamento com um tiro na nuca por um agente carcerário.Vale lembrar que ainda em 1917, quando era o Comissário do povo das nacionalidades, Stalin redigiu a "Declaração dos povos da Rússia"3, na qual exigia em seu programa o fim dos pogroms, a autodeterminação dos povos, a abolição dos privilégios nacionais e a liberdade das minorias étnicas. Mas Stalin não era um "satânico antissemita"? Que "satânico antissemita" é esse que não apenas reitera a pena de morte para antissemitas ativos como também defende a liberdade das minorias étnicas? Embora isso soe como um lugar comum, é um fato que Stalin teve por genro um judeu, o político soviético Lazar Kaganovich, que casou-se com sua filha Svetlana Stalin. Como se isso não fosse suficiente, é interessante lembrar que o primeiro "Estado judeu" foi construído durante a época de Stalin, a República Socialista Soviética Autônoma dos Judeus, com a capital em Birobidjan, a "Palestina Soviética", que não confiscou terras de povos nativos e nem expulsou árabes ou asiáticos de suas casas. Tratou-se de um projeto com o intuito de reparar os judeus pelos pogroms antissemitas contra ele promovidos e fomentados pelo tzarismo, e de colonizar áreas no extremo-oriente soviético, numa zona longe de conflitos onde os judeus poderiam ter vivido em paz sem tomar terras árabes. As escolas de Birobidjan inclusive davam aulas em ídiche, e suas ruas eram limpas e planejadas. Não se pode olvidar que foram as tropas do Exército Vermelho que, sob o comando do Generalíssimo Stalin, libertaram milhões de judeus aprisionados em campos de concentração da Alemanha nazista, um fato histórico que jamais foi esquecido até mesmo por judeus ocidentalistas. Mesmo Holywood, descrito pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva como um "campeão de anticomunismo", rendeu suas homenagens ao Exército Vermelho em clássicos do cinema agraciados com o Oscar como "A lista de Schindler"(um dos fatores que despertou no autor desse texto sua simpatia pela URSS, Stalin e as ideias comunistas), do diretor judeu Steven Spilberg, quando um oficial comunista, do alto de seu cavalo, proclama "Vocês foram libertados pelo Exército Soviético!"; no filme "Um sinal de esperança"(Jacob, the liar), estrelado por Robin Williams, quando um comboio lotado de prisioneiros judeus a caminho de um campo de concentração é parado por tanques soviéticos; e por filmes como "O pianista", que descreve a saga de um pianista judeu polonês que no final é libertado pelo Exército Soviético. Até mesmo o cinema alemão, no famoso filme "Europa Europa", baseado no testemunho de um judeu sobrevivente do Holocausto que fingiu ser nazista para não ser executado, lembrou da libertação dos judeus promovida pelo Exército Vermelho. E só para ressaltar que Bertone Sousa não passa de um mentiroso patológico, típico fascista, vale lembrar que a URSS, sob o governo de Stalin, foi um dos Estados que votou na ONU a favor da criação do Estado de Israel. 


Foto da estação de trem de Birobidjan, capital da "Palestina Soviética". Milhares de personalidades judaicas galgaram ocuparam posições de destaque na União Soviética, um dos comandantes da defesa da Fortaleza de Brest, o comissário Fomin, recebeu o título e a medalha, post mortem, de Herói da União Soviética. A despeito disso, os anticomunistas insistem no mito de que "Stalin era antissemita".

Diante de mentiras tão descabidas e desnecessárias, vale questionar de onde Bertone Sousa tira seus "fatos históricos"? Do papel higiênico? Do vaso sanitário? Qual será a próxima invenção de Bertone referente aos "mirabolantes crimes de Stalin"? Dizer que Stalin perseguia negros? Que a Inquisição Espanhola foi criada por Stalin(já que foi seminarista)? Que foi Stalin que idealizou o lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki? Que foi Stalin que escreveu "O martelo das feiticeiras"4??? Que foi Stalin que esquartejou Tiradentes? Que o touro-de-bronze e o pau-de-arara foram inventados por Stalin? Quais são os limites de um mentiroso, se é que existe algum? Tal como Olavo de Carvalho, com suas alegações absurdas de que Stalin e Mao eram "pedófilos homossexuais", comentar as alegações feitas por Bertone Sousa é uma tarefa mais apropriada para um psiquiatra! Aquele que mente mata uma parte da humanidade, ao que parece o nefasto autor que se denomina "historiador", um insulto a qualquer historiador sério, não aprendeu essa lição, faltando com a verdade compulsoriamente tal como uma "olavete". E este ainda tem a indecência e o cinismo de comparar A Página Vermelha ao site "Mídia Sem Máscara".

Bertone Sousa acha que "existe uma conspiração contra sua pessoa", que existe um "complô para chamá-lo de fascista por que ele não se ajoelhou ante um retrato de Stalin". Não se trata disso, nem esse foi o objetivo do autor ao convidá-lo para conhecer A Página Vermelha e ao apresentar historiadores que demonstram que ele está errado, nem mesmo se trata de "proselitismo", mas de uma questão de justiça. Alguns indivíduos podem perguntar: "como alguém pode admirar Stalin"? A essa pergunta, vale responder com a citação de uma senhora polonesa de origem judia que combateu os fascistas alemães: "mas como podemos não apoiar Stálin, ele que construiu o socialismo, que derrotou o fascismo, que encarnou todas as nossas esperanças?"5 Bertone acha que "é preciso ser stalinista para enxergar positivamente a Era Stalin", a isso vale citar um autor que durante praticamente toda a sua vida escreveu o que pensava de pior sobre o "malvado stalinismo", que no auge de sua juventude mesmo chegou a tramar um atentado contra Stalin e quase chegou a tirar-lhe a vida, Alexander Zinoviev. Este senhor, vivendo na Alemanha Ocidental, percebeu a catástrofe que foi o fim da URSS para seu país e escreveu:

"Fui um anti-stalinista convicto desde a idade de 17 anos. A ideia de um atentado contra Stálin invadia os meus pensamentos e sentimentos. Estudamos as possibilidades “técnicas” de um atentado. E passamos à sua preparação prática. Se me tivessem condenado à morte em 1939, essa decisão teria sido justa. Eu concebera o plano de matar Stálin e isso era um crime, não?
Quando Stálin ainda estava vivo, eu via as coisas de outro modo, mas agora que posso sobrevoar este século, digo: Stálin foi a maior personalidade do nosso século, o maior gênio político. Adotar uma atitude científica a respeito de alguém é diferente de manifestar uma atitude pessoal"6

Se o turrão Bertone Sousa suja suas calças só de pensar que pode estar errado, ou tem pesadelos onde "stalinistas comem criancinhas", este poderia tentar pelo menos tentar ler um autor americano chamado Joseph Davies. Davies não era "stalinista", nem mesmo comunista, aliás, como ele mesmo descreve em seu livro, foi formado com "os valores americanos". Ele fora o embaixador dos Estados Unidos na União Soviética, viajou por todo o país, que para ele era exótico, e se deu conta de como as coisas realmente funcionavam lá. Não se tratava de "um bêbado dopado por Yuriy Bezmenov" que passou anos embriagado, mas de um jurista, advogado, lúcido e sóbrio. Em sua obra "Missão em Moscou", transformada em filme, inclusive, Joseph Davies, que assistiu aos julgamentos dos Processos de Moscou, refuta a ideia de que "os Processos de Moscou foram um julgamento-farsa", além disso ele declara, ante outras autoridades que assistiram aos julgamentos, que o depoimento dos acusados pareceu-lhe sincero, isso em se tratando de um advogado com mais de 20 anos de experiência! 


Sobre os Processos de Mosocou, vale lembrar, o historiador britânico Eric Hobsbawm apresentou-os inclusive como uma forma que Stalin encontrou para "combater a burocracia" em sua obra "A Era dos Extremos", já mencionada e inclusive criticada num artigo em A Página Vermelha. As ligações dos acusados nos Processos de Moscou com círculos nazistas já foi exposta em obras como "A grande conspiração: a guerra secreta contra a Rússia Soviética", de Michael Sayers e Albert E. Kahn. Mas como o ex-toureador parece não ler nem gibi, ele prossegue em seus devaneios:

"Politzer foi executado pela Gestapo, portanto não viveu o suficiente para ver Kruschev denunciar os crimes do stalinismo no XX Congresso do PCUS em 1956."

Agora vale perguntar, será que B. Sousa realmente teve a curiosidade de investigar o discurso de Hruschov para afirmar tamanho disparate? O discurso de N. S. Hruschov foi sem dúvidas o discurso mais importante do século XX, pois ele conseguiu dividir, por assim bem dizer, um império que envolvia 1/3 do globo, isto é, o império do socialismo, que abriu as portas para a construção de um novo mundo sem miséria e sem fome. Esse congresso do PCUS, diferente de todos os outros anteriores a ele, foi feito a portas fechadas, trancadas, enquanto seu conteúdo era transmitido diretamente para jornais como o The New York Times, e por quê? Stalin tinha uma enorme popularidade na União Soviética, além de ser associado à vitória antifascista, seu governo tirara milhões de pessoas da mais absoluta miséria e ignorância, o país tornara-se uma das principais potências mundiais e assustava o mundo imperialista por causa de seu poderio, fosse ele militar ou de suas ideias. Hruschov, conforme se sabe, iniciara nos anos 30 um "culto da personalidade" em torno de Stalin, era um bajulador que visava depois caluniá-lo, como fez Roberto Jefferson contra o ex-presidente Lula antes de acusá-lo como o chefe do mensalão, por não conseguir seu apoio durante seu julgamento. Hruschov não era teórico e era conhecido por suas decisões autoritárias, sem adotar o princípio de "liderança coletiva", não tinha carisma, vindo a ganhar algum após o sucesso do programa das "Terras virgens" no Cazaquistão e do sucesso do Sputnik e do voo histórico de Yuri Gagárin, primeiro homem no espaço. Ele também tinha um projeto econômico diferente que visava fortalecer "capitalistas enrustidos", diretores corruptos de fábricas estatais, elevar sua posição no Estado Soviético, exatamente por isso ele não apenas defendeu teorias estranhas ao marxismo como o "partido de todo o povo"(inclusive dos remanescentes da burguesia, e não "do proletariado"), do "fim da luta de classes"(o que possibilitou a ascensão de burocratas pró-capitalistas) e da chegada iminente ao comunismo, quando o país ainda desenvolvia suas forças produtivas. A fim de apagar o legado marxista-leninista da direção anterior, Hruschov convocou o XX Congresso do PCUS, fazendo uma série de acusações contra Stalin. Qualquer indivíduo com o mínimo senso de racionalismo sabe que acusações só tem alguma valia quando são reforçadas por "provas", diccere et non probare est non diccere, o que não foi o caso do discurso de Hruschov. O professor da Montclair University, Grover Furr, analisou todas as acusações de Hruschov e lançou um livro que tornou-se best-seller na Rússia(Grover Furr é fluente em russo), o livro se chama Antistalinskaya podlost(Vilania antistalinista), e em inglês se chama "Hruschov Lied"(Hruschov mentiu). Em sua obra, Grover Furr prova que mais de 60 das acusações feitas por Hruschov eram falsas! Isso explica bem por que Hruschov organizou tal congresso "às escondidas". Este evento, conforme se sabe, foi um "Cavalo de Tróia" dentro do movimento comunista internacional, tendo se espalhado como um vírus por quase toda a esquerda mundial, dividido e enfraquecido partidos e reforçando as posições ideológicas do anticomunismo. Ele repassou aos PCs mundiais uma linha de abandono da luta de classes, de rejeição do "stalinismo" e por conseguinte do socialismo científico por si só. O discurso de Hruschov pode parecer aos incautos como uma "crítica da esquerda pela esquerda", entretanto não passa de vigarice de um revisionista que criou as condições para demolição do primeiro Estado socialista. Já em sua época ele fora denunciado como falso pelos comunistas chineses, albaneses e gregos.


Enver Hoxha, líder comunista albanês, denunciou as mentiras de Hruschov durante o XX Congresso do PCUS e já nos anos 50 anunciava as intenções deste de restaurar o capitalismo na  URSS, o que se confirmou verdadeiro em 1991.

Bertone vai mais longe, citando um artigo do The New York Times que por sua vez cita o historiador antissoviético Roy Medvedev. É curioso como Bertone é sistemático, sempre selecionando autores notadamente antissoviéticos, anticomunistas e gabando-se de ser "moderado". O fanatismo5 tem como características a agressividade excessiva(no caso a dele para com o "malvado stalinismo" e o comunismo de uma forma geral), preconceitos(uma vez que se recusa a conhecer qualquer autor que ele chama de "militantes stalinistas"), estreiteza mental(demonstrada em inúmeras oportunidades), extrema credulidade quanto a um determinado sistema(no caso sua credulidade em autores com acusações absurdas sobre o "comunismo", por mais que careçam de dados estatísticos ou até tragam fontes nazistas) e ódio(seu ódio manifesto contra o comunismo, que para B. Sousa é "pior que o nazismo"). Sua visão de mundo é maniqueísta, para ele o "historiador bom" é apenas aquele que pinta o "inferno vermelho". Acerca de Roy Medvedev, citado por B. Sousa, vale citar um importantíssimo fato sobre este mencionado por M. Sousa, da Suécia, em artigo publicado em sueco, português, russo, inglês e espanhol:

"Conquest, Solzhenitsyn, Medvedev e outros utilizaram-se de estatística publicada pela União Sovética, por exemplo escrutínios nacionais da população, aos quais adicionaram um suposto aumento populacional sem ter em conta a situação real existente no país. Assim chegaram à conclusão de quantas pessoas deveria de haver no país no final de certos anos. As pessoas que faltavam eram apresentadas como mortos e presos à conta do socialismo. Um método simples mas totalmente falso. Este tipo de "revelação" de acontecimentos políticos tão importantes nunca passaria se a "revelação" fosse sobre o mundo ocidental. Nesse caso teria havido com toda a certeza professores e historiadores que se levantariam contra tal falsificação. Mas como o que estava em causa era a União Soviética, a falsificação tem passado. Um dos motivos é certamente o de que professores e historiadores põem as possibilidades de avançar na carreira profissional em primeiro lugar e só muito depois a honra profissional."6

A última sentença da citação de Mário Sousa cai como uma luva na descrição de Bertone Sousa. Como vimos, as "estatísticas" de Medvedev não se baseiam em nenhum dado demográfico, tratando-se de um cálculo fraudulento conhecido como "Método Dushnyuk", idealizado pelo professor Walter Dushnyuk, identificado como um membro ativo da Organização dos Ucranianos Nacionalistas, um bando criminoso de tendência fascista que colaborou ativamente com os nazistas durante a grande guerra. Segundo acusações e provas apresentadas por governos e historiadores da República Tcheca, Polônia, Rússia e Bielorrússia foram eles os responsáveis por atos de "limpeza étnica", sendo a mais célebre o massacre promovido em Hatyn, na Bielorrússia, onde a população local foi reunida dentro de uma igreja e incinerada viva, crime retratado no obra magna cinematográfica de E. Klimov, "Idti i smotri"(Vá e veja). Até algum tempo acreditava-se que o crime fora obra de fascistas alemães, todavia evidências recentes levantaram evidências deste ter sido cometida por fascistas ucranianos7. E depois B. Sousa fica inquieto quando é descrito, corretamente, como um fascista!

Mais adiante, o ex-toureador de ego estourado prossegue em suas mentiras:

"De nada adiantou eu ter lhe mostrado autores renomados que falam sobre o Holodomor, o genocídio ucraniano, onde cerca de sete milhões de pessoas morreram entre 1932-1933 por causa da ação de Stálin de confiscar os grãos daquela República e isolar seus cidadãos impedindo-os de sair do país, devido à resistência de muitos camponeses à política de coletivização vinda de Moscou.

(...)

Eu havia inclusive postado no início daquela seção de comentários um artigo (um dos poucos em língua portuguesa) sobre o assunto, muito bem fundamentado, em mais de 50 páginas sobre o assunto, de Luís de Matos Ribeiro, da Universidade de Lisboa. E o que Cristiano falou sobre o artigo? Nada, simplesmente emudeceu e o ignorou"

Mas é claro que foi ignorado!!! Pois tal "citação de Bertone Sousa" simplesmente inexiste tanto no artigo quanto na seção de comentários, basta pressionar CTRL+F na página de seu artigo "Lenin e o comunismo" e digitar "Ribeiro". Não há uma só entrada para tal autor. Parece que o ex-toureador, num ímpeto de histeria para "combater o malvado stalinismo" resolveu falsificar até citações! Ou será que B. Sousa, em sua ânsia de censurar artigos de jornalistas e de leitores deste site que acompanham o debate e a ele se opõem resolveu "censurar a si mesmo" para parecer justo? Ironicamente, este cidadão que inventa citações inexistentes é o mesmo que chama ao autor desse artigo de dono de uma "mente doentia". Bertone é psicólogo agora? Onde se formou em psicologia? No mesmo buraco onde "aprendeu" história?

Mas para o autor não basta dizer que "Stalin era malvado", é preciso citar "fatos ruins" como "crime de Stalin", assim o autor prossegue citando o "Holodomor". Conforme já mostrado em A Página Vermelha e em importantes obras historiográficas de autores russos, americanos, portugueses, espanhóis, canadenses e belgas, o Holodomor não passa de uma farsa, de um hoax! Trata-se de um trabalho de desinformação inicialmente promovido por fascistas alemães e ucranianos, depois pela imprensa marrom de William Hearst, pelos emigrados ucranianos que colaboraram com o nazismo e depois pela máfia ucraniana, dona de canais de TV, e do governo Yuschenko, o mesmo que promoveu dois colaboradores de nazistas à condição de "Herói da Ucrânia", dentre os quais Roman Shuhyevich, comandante do Batalhão Rossygnol, da Waffen SS Galizen. Este governo, que enviou tropas para o Iraque para lutar ao lado dos lacaios de George W. Bush, tornou crime a "negação do Holodomor". Ah, mas "eu tenho um amigo ucraniano cuja vó disse que viu o Holodomor e passou fome", "há milhares de testemunhas oculares que até são contra o nazismo"... De fato, como todo bom trabalho de desinformação, há algumas verdades nele. Nenhum historiador, atualmente, ante a abertura dos arquivos soviéticos, nega que "houve fome na Ucrânia", o que se discute são as causas desta fome e se ela teria sido uma "fome provocada", ou "fome genocídio", pela qual poderia ser diretamente responsabilizado o bolchevismo. Uma explicação histórica que responsabiliza o bolchevismo é hegemônica no ocidente e integram para os principais historiadores burgueses o paradigma da Guerra Fria, todavia esse paradigma está sendo questionado por historiadores americanos como John Arch Getty, Grover Furr, e nomes russos como o membro da Academia de Ciências Yuriy Júkov, assim como ingleses como Harpal Brar e outros.

Ato de "Independência da Ucrânia" em Ternopol, 1941. No centro o retrato de Adolf Hitler, à esquerda de Stepan Bandera e à direita de E. Konovalts. Conforme registrado em arquivos poloneses, era comum que esses colaboradores executassem crianças polonesas empregando técnicas como arrancamento de escalpo, martelar um prego no crânio ou partir crânios com um machado. Essas técnicas também eram empregados contra ucranianos que ajudavam poloneses ou se recusavam a servir nas forças de Bandera

O pesquisador e historiador Mark Tauger, de West Virginia, estudou recentemente a questão e concluiu que a fome não foi causada pelo governo e sim por fatores naturais8. Antes da coletivização, sucediam-se ondas de fome em razão das más colheitas na Ucrânia. Tal fato, no entanto, foi abundantemente usado para fazer propaganda antissoviética. Aliás, vale citar o depoimento de quem esteve na Ucrânia em 1932, o professor do Williams College Frederick Schumman:

"A oposição (dos kulaques) manifestou-se de início pelo abate do gado bovino e cavalar, que consideravam preferível a vê-los colectivizados. Dado que a maioria das vacas e dos cavalos pertencia aos kulaques, o resultado foi terrível para a agricultura soviética. Entre 1928 e 1933, o número de cavalos passou de cerca de 30 milhões para menos de 15 milhões; de 70 milhões de cabeças de gado bovino, das quais 31 milhões vacas, passou-se para 38 milhões, das quais 20 milhões de vacas; o número de carneiros e cabras diminuiu de 147 milhões para 50 milhões e o de porcos, de 20 milhões para 12 milhões. Em 1941, a economia rural soviética ainda não tinha recuperado completamente destas perdas terríveis (...) Alguns (kulaques) assassinaram 103 funcionários, incendiaram propriedades colectivas e chegaram a queimar as suas próprias colheitas e sementes. Um número ainda maior recusou-se a semear e a colher, talvez na convicção de que as autoridades lhes fariam concessões e lhes assegurariam de qualquer forma a alimentação. O que se seguiu foi a “fome” de 1932-1933. (...) Relatos macabros, fictícios na sua maior parte, apareceram na imprensa nazi e na imprensa de Hearst nos Estados Unidos (...). A fome, nas suas fases ulteriores, não foi o resultado de um défice de alimentação, apesar da redução importante das sementes e das colheitas, consequência das requisições especiais na Primavera de 1932, motivadas aparentemente pelo receio de uma guerra com o Japão. A maior parte das vítimas foram kulaques que se haviam recusado a semear os seus campos ou que tinham destruído a sua colheita"9

Vale lembrar que esse depoimento de um professor americano não-comunista que esteve na Ucrânia é corroborado por um autor ucraniano fascista, Isaac Mazepa, que fora ministro de Petlyura em 1918:

"Começou por haver distúrbios nos kolkhozes, noutros lugares foram mortos funcionários comunistas e seus colaboradores. Mas depois desenvolveu-se sobretudo um sistema de resistência passiva que visava entravar sistematicamente os planos dos bolcheviques para as sementeiras e colheitas. Os camponeses faziam parte da resistência passiva; mas, na Ucrânia, a resistência adquiriu o carácter de uma luta nacional"10

Conforme dito no artigo anterior, não há uma só ordem de Stalin para que especificamente fossem atingidos os ucranianos, como não há "ordens de Stalin para executar apenas ucranianos" ou qualquer outra coisa que se configure como um "genocídio". Aliás foi durante a liderança do magíster georgiano que a Ucrânia se tornou um próspero que eliminou a fome, um mal que até 1932 repetia-se de forma contínua! O campo foi coletivizado, modernizado, recebendo máquinas e tratores e um novo sistema agrícola que até os dias atuais é empregado até mesmo em países capitalistas como Israel, onde o "kol'hoz" é denominado "kibutz". Conforme bem nos mostra Mihail Kalashnikov(sim, o famoso inventor do mais usado fuzil do mundo), numa entrevista à jornalista francesa Elena Jolly, em sua obra Rajadas da História, houve por parte dos bolcheviques alguns abusos durante a coletivização, entretanto, confirma Kalashnikov, que teve sua família kulak deportada durante a coletivização para próximo do Cazaquistão, grande parte desses abusos partiam de autoridades locais do partido, e não "ordens diretas de Stalin", exatamente por isso o revolucionário georgiano escreveu um artigo chamado "A vertigem do sucesso", onde criticava esses excessos. Stalin, ao contrário do que pensam alguns, não era um "ser onipresente, onisciente e onipotente", era um ser humano e não podia saber de tudo que se passava num país três vezes maior que o Brasil, ainda numa época em que os meios de comunicação eram precários. E ainda acusam os "stalinistas" de "endeusar Stalin"! Entretanto, esse excesso de longe chega a "7 milhões", diga-se de passagem, a metade da população ucraniana na época e aproximadamente a integralidade de sua população adulta. As fronteiras da Ucrânia mudaram durante os anos 20, houve uma redução na taxa de natalidade, em razão de métodos contraceptivos e a urbanização do país, além dos cossacos do Kuban terem optado pela nacionalidade russa, em vez de ucraniana. Mas de onde os "7 milhões" defendidos por Bertone Sousa e por toda a camarilha de anticomunistas histéricos? Será que restou a Bertone ao menos alguma competência para checar suas fontes?

William Randolph Hearst, entre oficiais nazistas, foi o magnata americano dono de jornais lidos por milhões que difundiu nos EUAo mito da "fome genocídio soviética", baseada em factoides.

Segundo o Dr. Dana G. Dalrymple, economista agrícola e historiador, em artigo publicado na revista Soviet Studies, a fome soviética matou 5,5 milhões de pessoas, estimativa média baseada em 20 autores. Daí vale questionar, quais foram as fontes do professor?

A primeira fonte é Thomas Walker, um fugitivo do sistema penal britânico e americano que fez uma rápida viagem pela URSS e quando regressou aos EUA alegou em um tribunal "jamais ter posto os pés na Ucrânia". Este Sr. Walker, que outrora usara o nome "Robert Green". Este tal "Walker"(literalmente, "caminhante"), fora a principal fonte da rede de jornais coordenada pelo magnata americano filofascista William Hearst, rival de Joe Pulitzer e conhecido por seu jornalismo sensacionalista, "jornalismo amarelo". A matéria de Hearst usava como "provas da fome na Ucrânia" fotos da Guerra Civil Russa, tiradas em 1921 por Fritjof Nansen, e montagens denunciadas no Canadá por Douglas Tottle. Sua matéria no Chicago American fora denunciada como fraudulenta pelo jornalista Louis Fischer no semanal americano The Nation, em 1935.

Arquivo referente à extradição de Thomas Walker/Robert Green. Clique para ampliar.

A segunda fonte do professor Dana é Otto Schiller, funcionário do governo nazista ucraniano encarregado de reorganizar a agricultura. Ele cita o número de 7,5 milhões em seu texto publicado em Berlim em 1943, citado por Dalrymple.

Outra fonte citada por Dalrymple é Edwald Ammende, nazista que esteve na Rússia pela última vez em 1921 e escreveu ao The New York Times nos anos 30 mencionando 7,5 milhões de mortos, alegando que havia até mesmo pessoas "morrendo nas ruas de Kiev". Essas falsas informações foram desmentidas por Harold Denny, correspondente do jornal novaiorquino:

"O vosso correspondente esteve em Kíev durante vários dias em Julho último, no momento em que supostamente as pessoas morriam, mas nem na cidade nem nos campos em redor havia fome." Algumas semanas mais tarde Harold Denny regressou ao tema: "Em nenhuma parte reinava a fome. Em nenhuma parte havia o receio de fome. Havia comida, inclusive pão, nos mercados locais. Os camponeses sorriam e eram generosos com os alimentos."

Outra fonte é Frederick Birchall, um dos primeiros jornalistas americanos a assumir publicamente sua simpatia pelo nazismo. Ele fala em 4 milhões.

Uma das fontes são William H. Chamberlain, que primeiro fala em 4, depois em 7 milhões, baseado em "estimativas de residentes", e Eugene Lyons, que fala em 5 milhões de mortos, baseados em boatos de russos residentes em... Moscou. Ambos eram anticomunistas profissionais, corruptos intelectuais, que mais tarde se tornaram membros do Comitê Americano para a Libertação do Bolchevismo, que dirigia a Radio Svoboda(Rádio Liberdade, Europa Livre), que tinha 90% de seu financiamento oriundo da CIA e teve por seu diretor o famoso espião nazista Reinhard Gehler, a serviço dos Estados Unidos da América.

Richard Sallet é outra das fontes do professor Dalrymple, ele menciona sem explicações o número mais alto, 10 milhões, nos jornais pró-nazistas de William Hearst.

De todas as 20 fontes citadas, apenas duas indicam números baixos, Ralph Barnes, do New York Herald Tribune e Walter Duranty, do The New York Times. Das demais cifras astronômicas, como bem nos mostra Ludo Martens, "três tinham origem na imprensa pró-nazi e cinco em publicações de direita dos anos McCarthy (1949-1953). Dalrymple utiliza dois autores fascistas alemães, um antigo colaboracionista nazi ucraniano, um emigrado russo de direita, dois agentes da CIA e um jornalista simpatizante de Hitler"11. Grande parte dos dados fora fornecido por "residentes estrangeiros na URSS não identificados". Mas é assim, quando se trata de caluniar e difamar a União Soviética e o socialismo vale tudo! Ao contrário dos judeus, não existe um "lobby comunista" no universo acadêmico. Qualquer autor que tente atacar os judeus, ou, ainda, atacar o ideal sionista, é imediatamente tachado de "nazista", de "racista" e suas obras sobre os judeus inspiradas em fontes nazistas é rapidamente alvo de ataques e inclusive intervenção judicial. Entretanto, quando se trata de atacar o comunismo, então obras que tomem por fontes autores nazistas são imediatamente aceitos sob o manto da respeitabilidade acadêmica, podem até se tornar best sellers e, melhor que isso, acabam se tornando fonte para outros historiadores pró-nazistas e anticomunistas desinteressados em citar diretamente fontes nazistas. De fato, anticomunismo não é apenas uma "histeria", também pode ser tornar um bom negócio, lucrativo! Olavo de Carvalho bem sabe disso. Talvez B. Sousa não seja tão bobo quanto parece.

Mas a metralhadora de clichês de ex-toureador estourado não para por aí, ele recorre a um velho expediente, a ideia do "culto da personalidade", já abordado por autores como Bill Bland, Ludo Martens e outros. O "culto da personalidade" não tem nada a ver com Stalin, ele é um fenômeno político presente em praticamente todas as grandes civilizações. Quem nunca ouviu falar que "político X ou Y é um homem de moral", que ele "é do povo", que ele "encarna as esperanças da nação"? "Culto da personalidade" é um fenômeno notável no Egito Antigo, mas nos dias da Revolução Americana, George Washington era retratado como um herói, e hodiernamente, no Reino Unido, o hino do país se chama "Deus salve a rainha"(por que não o povo?), e que tal falarmos um pouco de Obama, carrasco imperialista que esteve à testa do banho de sangue na Líbia e foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz, a "celebridade mundial"? Na Rússia , a realidade não foi muito diferente. Como bem nos mostra o blogueiro russo Michael Kuznetsov, é comum na Rússia que líderes(não confundir com "chefes") sejam chamados pelas massas de "pai". Durante os primeiros dias da Rússia revolucionária, um dos alvos do "culto da personalidade" foi Kerenskiy, que defendia a permanência russa na guerra. Lenin, como nos mostra Eric Hobsbawm(A Era dos Extremos) era aclamado pelas massas e mostrado pela propaganda como o velikiy vojd proletariata(grande líder do proletariado), uma expressão que em alemão receberia a falavra führer. Trotsky era retratado tal como São George, em um cavalo matando um dragão. Com Stalin não foi diferente, ele não apenas fora um dos líderes da Revolução de Outubro, como era o líder do principal e a princípio único Estado socialista do mundo. Era natural que muitos lhe rendessem suas homenagens por isso, entretanto havia aqueles que o bajulavam para depois desacreditá-lo, nomes como Karl Radek e Nikita Hruschov, para o qual "ninguém deveria ousar levantar as mãos contra o vojd". Independente de suas intenções, vale salientar que o "culto da personalidade" jamais foi instigado por Stalin, do contrário, este inclusive se contrapôs a essa ideia. Vejamos aqui o que dizia Stalin a aduladores:

"Você fala de "devoção" a mim... Eu o aconselharia a abandonar o "princípio" de devoção a pessoas. Não é o caminho bolchevique. Seja devotado à classe trabalhadora, ao Partido, ao Estado. Isso é algo bom e útil. Mas não o confunda com devoção a pessoas, essa vã e inútil ladainha de intelectuais de mente pequena"12

O maior monumento a um ser humano na URSS construído na Era Stalin foi dedicado a um operário e uma camponesa
O magíster georgiano, ao contrário do que pregam os propagandistas da burguesia, rejeitava categoricamente noções individualistas de "poder absoluto":

"O marxismo não nega completamente o papel desempenhado por indivíduos destacados ou que a história é feita pelo pessoas. Mas... grandes pessoas podem desempenhar qualquer coisa apenas enquanto estão aptas para entender essas condições, para entender como mudá-las. Se eles falham para entender essas condições e querem alterá-las de acordo com caprichos de sua imaginação, eles se encontrarão na situação de Don Quixote...

Indivíduos não podem decidir. Decisões de indivíduos são sempre, ou quase sempre, decisões unilaterais... Em cada corpo coletivo, há pessoas cujas opiniões devem ser levadas em conta... Da experiência de três revoluções nós sabemos que cerca de 100 decisões tomadas por indivíduos sem ser testadas e corrigidas coletivamente, aproximadamente 90 são unilaterais...

Sob nenhuma circunstância nossos trabalhadores tolerariam o poder nas mãos de uma pessoa. Conosco, personagens de maior autoridade são reduzidos a nulidades, tornam-se meras cifras, tão logo as massas de trabalhadores perdem a confiança neles"13


Essas citações de Stalin, do início dos anos 30, permaneceram uma constante no pensamento do professor. Em fins dos anos 30 foi proposto ao líder soviético a publicação de um livro sobre "a infância de Stalin", que para o professor não passava de um "trabalho de adulação, nocivo", rejeitando a "teoria de heróis". Dissera sobre o livro em fevereiro de 1938":

"Sou absolutamente contra a publicação de 'Estórias da infância de Stalin'(...) Eu sugiro que queimemos este livro"14


Como vemos, Stalin categoricamente rejeitava adulações. É natural, entretanto, que sendo um líder de enorme popularidade, ele tivesse grande respeito das massas trabalhadoras. Ao contrário do que ocorre em países como a Coreia do Norte, na União Soviética os maiores monumentos não eram "estátuas de Stalin", eram eles monumentos a operários e camponeses, um deles notável em Moscou. Para entender o impacto que o governo de Stalin teve sobre a vida de milhões de pessoas, não se pode olvidar o que Sadridin Ainí, primeiro presidente da Academia de Ciências republicana do Tadjiquistão dissera sobre o país da Ásia Central:

"No Tadjiquistão pré-revolucionário, as pessoas que sabiam ler e escrever, os homens instruídos, eram tão raros como árvores frutíferas num deserto"15

Segundo a revista Vestník Prosveschenya(Boletim de ensino), do governo tzarista, no Tadjiquistão o analfabetismo só poderia ser abolido no curso de mil anos. Para Lenin, jamais poderia ser construído o socialismo no Tadjiquistão sem se resolver o problema da falta de alfabetização, razão pela qual foi criada uma comissão extraordinária para resolver o problema, nos anos 20 formou-se a sociedade "Abaixo o analfabetismo!" e na época de Stalin foram criadas milhares de escolas no país, a ponto de em 1939 o índice de alfabetização da República Socialista Soviética do Tadjiquistão somar 71,7%. Foi nessa época que foram criadas as primeiras universidades do país. Essa Era de Ouro também foi percebida por milhões de mulheres, especialmente na Ásia Central. Lá, na República de Buhara(mais tarde Uzbequistão, Tadjiquistão e Quirguistão) como bem nos mostra a jornalista americana Anna Louise Strong em sua obra The Stalin Era, as mulheres viviam sob a obscuridade teocrática, eram consideradas "bens semoventes", tal como um cavalo ou gado, tinham por obrigação usar a paranja, como a chamavam a burca uzbeque, e eram passíveis de morte caso a retirassem, inclusive por decapitação, também não podiam ir à escola. O poder soviético não apenas promoveu uma revolução cultural neste lugar, como decretou a pena capital para quem quer que impedisse uma mulher de ir à escola. É por esses e outros motivos que Stalin era visto como um grande líder soviético. 

Antes do estabelecimento do poder soviético na Ásia Central, as mulheres do atual Uzbequistão e Tadjiquistão eram obrigadas a utilizar este tipo de vestimenta, a paranja. Foi na época de Stalin que o seu uso foi desencorajado, abolido e seus encorajadores sexistas punidos inclusive com a pena capital.

Conforme historiadores e biógrafos seus atestam, Ióssif Vissarionovich era um homem modesto, simples, cujo estilo de vida seria mais tarde adotado por nomes como o revolucionário Sankara, em Burkina Fasso, ou o presidente Pepe Mujica, no Uruguai. Henri Barbusse, escritor francês, nos confirma esse fato:

"Uma pessoa vai ao primeiro andar, onde curtinas brancas estendem-se por três janelas. Essas três janelas estão na casa de Stalin. Na minúscula sala encontra-se um capote militar com um quepe pendurado. Em adição, está uma sala com três banheiros e uma sala de jantar. Os banheiros estão mobiliados como o de um respeitável hotel de segunda classe."16

Tal como o seu modo de vida, Djugashvili recebia um salário modesto:

"A cada mês ele recebe quinhentos rublos, que constituem o salário máximo dos oficiais do Partido Comunista (montante entre £20 e £25 em moeda britânica)..."17

A simplicidade do modo de vida de Iósif Vissarionovitch é descrita por sua filha Svetlana Stalin, no tocante ao seu uso de uma dacha(casa de campo) em Kuntsevo:

"Meu pai viveu no térreo. Ele viveu em uma sala que usava para tudo. Ele dormia no sofá, que pela noite convertia-se em cama"18

Para o líder albanês Enver Hodja, Stalin era um homem "modesto e moderado":

"Stalin não era um tirano, nem déspota. Ele era um homem de princípios; ele era justo, modesto e muito afável com as pessoas, os quadros e colegas"19

Mas alguém poderia perguntar "por que o afável Stalin mandou matar Trotsky". De fato, é desconhecida tal ordem escrita, embora haja evidências do envolvimento do NKVD no assassinato deste último, mas será que alguém consegue ter a coragem para questionar o "porquê"?

Ora, há várias evidências da colaboração de Trotsky com o imperialismo alemão(fascista), britânico(nos anos da Guerra Civil Russa) e americano, em fins dos anos 30, mas qual a fonte de tais informações? Os "malvados stalinistas comedores de criancinhas"? Não, o próprio Trotsky! Em 1939, Trotsky escreveu um artigo chamado "Why I decided to to appear before Dies Committee"20. Neste artigo, o desertor político manifesta sua intenção de colaborar com a inteligência americana, burguesa, contra os comunistas americanos, mexicanos e agentes soviéticos. O tal "Dies Committee" tornou-se internacionalmente conhecido por outra nomenclatura sua, o "Comitê de atividades antiamericanas", presidido pelo senador Joseph McCarthy. Este inquisidor ianque logrou enviar milhares de indivíduos, comunistas e suspeitos, para serem eletrocutados até a morte na famosa "cadeira elétrica". Ao anunciar tal intenção, Trotsky converteu-se voluntariamente num agente do imperialismo! Assim, o serviço secreto soviético tinha duas opções, a primeira era fazer vista grossa por que "Trotsky fora um dos líderes da Guerra Civil Russa e por isso estava acima do bem e do mal", e permitir que milhões de comunistas americanos e mexicanos fossem torturados e mortos, ou simplesmente executar um agente do imperialismo danoso à Revolução Mundial. Mantemos a opinião de que esta última alternativa foi acertada e louvável! "Ah, mas Trotsky lutou ao lado de Lenin, liderou homens durante a Guerra Civil"... sim, tal Andriey Vlassov, general soviético que durante a IIGM desertou para a Alemanha nazista, organizando um exército formado por vadios e timoratos que colaboraram com Hitler para exterminar seu próprio povo, o "Exército de Libertação Russa"(ROA). Este célebre desertor foi capturado, mas diferente de Trotsky, foi publicamente enforcado na Praça Vermelha.

Uma aula do professor Bertone Sousa(e de parte dos "aristocratas acadêmicos")

É essencial para um marxista-leninista conhecer a história, de modo que este possa identificar as gritantes mentiras e disparates criados em torno do socialismo. O objetivo dos anticomunistas é o terrorismo psicológico, de modo a negar a possibilidade de uma sociedade alternativa ao capitalismo. Que difamadores e vigaristas escrevam todos os anos livros escrevendo sobre "como o comunismo é perverso", sobre como "Stalin comia criancinhas" não apenas é algo corriqueiro, como já previsto no século XIX pelo sábio magíster alemão, o Dr. Karl Heinrich Marx, em suas obras. Somente apedeutas podem crer cegamente em tais disparates, daí é normal que a trupe que anima o site de Bertone Sousa prossiga nesta linha. Para demonstrar o nível de "inteligência" dos seus asseclas, um deles, na seção de comentários, identificado como "Nelson", tentou, em 31/08/2013 ás 16:28, sustentar a tese do Holodomor apoiando-se em um vídeo chamado "Holodomor, o que você ainda não viu", um vídeo feito... por este que vos escreve com o fim de desmistificar o "Holodomor" com várias referências e até fotos. Um certo Jonatan comenta que deu “uma volta” na Página Vermelha e constatei que, para um Blog com mais de 900 mil visualizações não há sequer um comentário dos leitores sobre os textos. Não é preciso ser médico para constatar que Jonatan tem problemas oculares ou tal como seu mestre B. Sousa é um bom mentiroso. A Página Vermelha tem mais de 400 comentários registrados pelo seu hospedeiro, isso sem contar os comentários publicados entre 2001 e 2006 em seu livro de visitas hospedado em outro site. Mas são notáveis os interesses aos quais serve a página de Bertone, um certo Candido Villas cita sua admiração pelo "trabalho do velho Olavo"(de Carvalho!!!) e pela sua.

Um ótimo exemplo do nível intelectual dos que povoam a página de Bertone Sousa. Aqui um energúmeno argumenta a favor da tese do "Holodomor" apresentando justamente um vídeo que fala contra o Holodomor. Mas o cérebro de tais indivíduos comporta apenas imagens, num país de cultura audio-visual.

Bertone Sousa é um sujeitinho complexado, que tem medo de admitir estar errado. Não é o autor de A Página Vermelha que tem medo, como citado em seu artigo sobre este, do contrário não temo a nada e nem a ninguém! Já me deparei com professores como Bertone Sousa em universidades, um desses, da UERN, simplesmente ficou sem palavras em sala de aula quando mostrei-lhe a falácia de suas acusações de "milhões de mortos por Stalin", retirando de sua bolsa a obra de Ludo Martens, despertando uma reação similar a de um vampiro ante uma cruz. A Página Vermelha e seu autor são caçadores de mentiras e sua maior arma, o seu principal argumento é a verdade, os seus métodos são a dúvida, a investigação e a conclusão, métodos que podem horrorizar muitos. Ironicamente, B. Sousa se refere ao Cristiano como um "mentecapto". Mas é sempre assim, quando alguém emprega métodos racionais, e não maniqueístas e místicos, então esse alguém é "mentecapto", é "jumento analfabeto stalinista"(como escrito sobre o autor de A Página Vermelha no site ultrarreacionário Mídia Sem Máscara), dentre outros jargões. Mas é assim, defender o marxismo-leninismo, lutar por uma sociedade comunista, sem miséria, sem fome, com o império da saúde e da educação, da razão, é uma tarefa para poucos com nervos de aço, e não para covardes e timoratos que por sua incapacidade investigativa preferem conformar-se com os dogmas "sacrossantos" da burguesia.



1- RÖHL, John C. G. Röhl. “The Kaiser and his court: Wilhelm II and the government of Germany”, p210-211
2- STALIN, Joseph. "Anti-Semitism: Reply to an Inquiry of the Jewish News Agency in the United States" dated January 12, 1931
3- "Povos da Rússia" refere-se às mais de 100 nacionalidades diferentes que conviviam no antigo Império Russo.
4- Ou Malleus Malleficarum, um dos mais célebres manuais da Inquisição, de autoria dos monges Sprenger e Kraemer.
5- WIKIPEDIA. Artigo sobre fanatismo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fanatismo
6- SOUSA, Mário. Mentiras sobre a história da União Soviética. Disponível em http://mariosousa.se/MentirassobreahistoriadaUniaoSovietica.html Acesso em 06/08/2013 às 21:00.
7- MOROZ, Petr. Palachi Hatyni, kto oni? Artigo publicado no jornal Newsland. Disponível em http://newsland.com/news/detail/id/1017924/ Acesso em 06/09/2013, às 20:40. 
8- LEITE, Valdirene. Ficção e história em A revolução dos bichos. Em http://comunidadestalin.blogspot.com.br/2012/12/ficcao-e-historia-em-revolucao-dos.html
9- Citado na obra Fraud, Famine and fascism, de Douglas Tottle, p. 94
10- Sydney and Beatrice Webb, Soviet Comunism: a New Cililization? Longmans, Greer and Co.,
edição National Union of General and Municipal Workers, 1935 , p. 247
11- MARTENS, Ludo. Stalin, um novo olhar. Em: http://www.hist-socialismo.com/docs/UmOutroOlharStaline.pdf Acesso às 21:07 em 06/09/2013. 
12- STALIN, Josef. Works, Volume 13; Moscow; 1955; p. 20. Citado em "Stalin - The cult of individual", por William Bland. Disponível em http://www.mltranslations.org/Britain/StalinBB.htm Acesso em 07/09/2013 às 09:27. Tradução do inglês para o português por Cristiano Alves
13- ibid.; p. 107-08, 109, 113. Citado em "Stalin - The cult of individual", por William Bland. Disponível em http://www.mltranslations.org/Britain/StalinBB.htm Acesso em 07/09/2013 às 09:27. Tradução do inglês para o português por Cristiano Alves
14- ibid.; p. 327. Citado em "Stalin - The cult of individual", por William Bland. Disponível em http://www.mltranslations.org/Britain/StalinBB.htm Acesso em 07/09/2013 às 09:27. Tradução do inglês para o português por Cristiano Alves
15- ASIMOV, Mohammed. Tadjiquistão. Editorial da Agência de Imprensa Novosti. Moscou, 1987. Traduzido do espanhol para o português por Cristiano Alves.
16- BARBUSSE, Henri. Stalin: A New World Seen through One Man; London; 1935; p. vii, viii, 291, 294. Citado em "Stalin - The cult of individual", por William Bland. Disponível em http://www.mltranslations.org/Britain/StalinBB.htm Acesso em 07/09/2013 às 09:27. Tradução do inglês para o português por Cristiano Alves
17- ibid
18- ALLYLULYEVA, Svetlana. Letters to a Friend; London; 1967; p. 28. Citado em "Stalin - The cult of individual", por William Bland. Disponível em http://www.mltranslations.org/Britain/StalinBB.htm Acesso em 07/09/2013 às 09:27. Tradução do inglês para o português por Cristiano Alves
19- HODJA, Enver. With Stalin: Memoirs; Tirana; 1979; p. 14-15. Citado em "Stalin - The cult of individual", por William Bland. Disponível em http://www.mltranslations.org/Britain/StalinBB.htm Acesso em 07/09/2013 às 09:27. Tradução do inglês para o português por Cristiano Alves



"A luta não pode parar"(canção húngara)

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