quinta-feira, 30 de junho de 2011

NOSTALGIA POR STALIN ENTRE JOVENS RUSSOS



O texto abaixo, traduzido e adaptado de um site reacionário (por isso foi adaptado), mostra que a juventude russa está cada vez mais interessada em Stalin e o que ele representa: um mundo completamente diferente deste que conhecem, um símbolo de ordem e de justiça social.

As adaptações a que me referi se limitaram a omitir alguns trechos (não todos) nos quais Stalin recebia a alcunha de "ditador" ao invés de "líder". Mas alguns outros trechos estranhos à linha política deste blog ficaram sem modificações nesta tradução. Estejam atentos.

Após este trecho, há um link para um vídeo um pouco mais antigo, de 2009, com o título "Stalin de volta entre os jovens russos", que mostra um concurso realizado em um canal de televisão russo no qual Stalin foi escolhido pelos telespectadores como a maior personalidade russa dos últimos 280 anos, e uma das maiores de todos os tempos. Um ex-combantente da II Guerra Mundial foi o defensor de Stalin no programa. Seu depoimento e a firme defesa de Stalin chegam a emocionar.

Nesta reportagem há também vários jovens entrevistados, e ele ratificam seu apoio ao grande líder bolchevique. Uma jovem afirma que sem o caráter de aço de Stalin (cujo nome significa "homem de aço", em russo) a URSS não venceria a guerra, que um caráter mais "brando" não poderia realizar tudo o que ele fez. E completa que os soviéticos "precisavam da firmeza de Stalin".

A exemplo do texto traduzido, a partir da metade deste vídeo são repetidas algumas relíquias da guerra fria sem nenhum suporte histórico sobre os tais "milhões de mortos" no comunismo, e dois reacionários são também entrevistados. Mas o vídeo vale por sua primeira parte.


"Nostalgia" por Stalin entre os jovens reflete a falha de Moscou em oferecer uma visão alternativa concreta, dizem estudiosos

Stauton, 3 de junho - Os jovens russos divinizam Stalin não apenas porque ele representa um sistema radicalmente diferente da Rússia de hoje, mas porque o estado contemporâneo russo tem falhado em oferecer uma alternativa ideológica específica que não seja meramente abstrata, dizem dois estudiosos russos.

Durante uma conferência realizada em São Petersburgo na semana passada sobre "Autoconsciência russa e o Espaço da Rússia", que concluiu que essa consciência hoje está "sob o poder de mitos destrutivos", dois participantes abordaram a crescente popularidade de Stalin entre os jovens russos que não viveram em seu período.

Dmitry Astashkin, professor de jornalismo na Universidade do Estado de Novgorod, notou que "ao lado de tendências de tomar de empréstimo elementos de culturas estrangeiras, há na sociedade russa contemporânea uma tendência de retornar ao modelo soviético", geralmente entre aqueles e naqueles lugares que poucos poderiam esperar, especialmente em suas formas extremas.

"Modelos stalinistas e a própria personalidade de Stalin são vistas como símbolo deste modelo", disse Astashkin, em grande parte devido à sua "diferença radical da situação presente da Federação Russa". E isso é expressado "entre a parte mais passional da população", a juventude.

Para a juventude russa, ele sugeriu, "Stalin e sua atividade tem sido mitificada, e [o próprio Stalin] está se tornando um símbolo de não-conformismo, em franca oposição à cultura contemporânea e a organização estatal" da Federação Russa no presente.

"Uma atitude positiva em relação a Stalin está progressivamente deixando de ser encontrada apenas entre pensionistas e veteranos, e está se tornando parte da subcultura da juventude". Stalin é agora referenciado em canções populares, jogos de video-games e em fóruns na internet, uma tendência que foi especialmente verificada no aumento repentino das celebrações do Dia da Vitória em 9 de maio.

Astashkin sugeriu que é "interessante" que "quando falando sobre Stalin, os jovens não estão numa posição de operar sobre suas próprias emoções e memórias", pois eles nasceram depois que Stalin morreu. "E isso significa que os jovens russos estão tomando de empréstimo de suas famílias essas idéias sobre Stalin."

Resumindo, "o Stalin real está sendo transformado em um mito sobre o império soviético, deixando assim de ser um ditador e se tornando a encarnação de um estilo severo de administração e um símbolo de ordem e justiça social", valores que atraem muitos jovens.

Consequentemente, Astashkin concluiu, "até que o estado ofereça um outro caminho de desenvolvimento, Stalin permanecerá sendo um recurso de identidade nacional" entre os russos, algo que pode mantê-los sob influência do passado ao invés de permiti-los seguir em frente rumo a um futuro diferente.

Um segundo orador, Petr Smirnov, um professor da Univerdade do Estado de São Petesburgo, falou sobre os esforços dos governos pós-soviéticos em oferecer uma base alternativa de identidade e apontou as razões de suas falhas, especialmente entre os membros das gerações mais novas.

A Constituição de 1993, Smirnov aponta, representou "uma tentativa em oferecer outra plataforma de identidade nacional", mas falhou porque era muito abstrata. Ao invés de falar sobre valores russos específicos, usou uma linguagem que poderia se aplicar a qualquer país do mundo, limitando assim seu impacto e utilidade.

"A qualidade abstrata" e a natureza "humana" das cláusulas da Constituição de 1993 falharam então em encontrar ressonância entre os jovens russos. De acordo com Smirnov, teria sido melhor se a Constituição Russa tivesse sido formulada de uma maneira russa mais distintiva.

Por exemplo, ele sugere que ao invés de falar sobre seres humanos em geral, a Constituição deveria especificar que "o mais alto valor na Federação Russa é reconhecido como o cidadão da Rússia, sua vida, dignidade, direitos e liberdades. O estado é obrigado a cumprir e defender as condições que permitem a cada cidadão concretizar a si próprio" em plenitude.

Tal formulação, continua o professor de São Petersburgo, "ajudaria não apenas a limitar a arbitrariedade de todos os ramos do poder estatal e servir como guia seguro para conduzir políticas internas e externas, mas também se tornaria base para a formação de uma única Rússia com identidade nacional de todos os grupos étnicos dentro da Rússia."



Agora, o vídeo de que falamos.


Stalin de volta à juventude russa


2 comentários:

pedro disse...

Vces tb trabalham com esteriótipos ao acusar de "reacionário" quem não concorda com a cartilha vermelha então não sei por qual motivo achar estranho Stalin ser chamado de "ditador" - o que tb é indevido.

Revistacidadesol disse...

Caro Pedro: às vezes chamar alguém de reacionário é devido, sim, é apropriado.

Qual é a cartiha vermelha? Vc leu essa cartilha, camarada? Tem certeza? Abs!

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