sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Quem tem medo do PSTU? A esquerda oportunista ataca novamente



Depois das declarações estapafúrdias de seu militante Aldo Cordeiro Sauda, o PSTU finalmente lançou sua nota oficial sobre Yoani Sanchéz, confirmando o seu caráter oportunista.

Sendo a nota do PSTU idêntica a posição do Sr. Cordeiro, o texto "A Visita de Yoani Sanchéz e a esquerda oportunista" segue pertinente.

O documento, assinado pelo Sr. Diego Cruz e intitulado "Quem tem medo de Yoani Sanchéz?", segue pela via de passar a imagem de uma “posição lúcida” na defesa de um “debate sério”.  Nessa linha, argumentam sobre a “restauração do capitalismo em Cuba”, mostram como seus adversários são “ingênuos”.  Em outras palavras, desviam o foco de Yoani Sanchéz. Esse artifício é utilizado justamente no sentido de defender a necessidade dela falar por ser uma “ativista democrática”, posição que o documento sustenta afirmando que o que existe em Cuba é “o controle de uma ditadura de partido único, que não permite qualquer liberdade de expressão ou organização”. O autor, esse especialista em materialismo histórico, ignora completamente a constituição do poder popular em Cuba, como as assembleias locais nas quais Yoani nunca participou, preferindo disparar uma generalidade que aprendeu com a mídia burguesa (e que o PSTU endossa). O debate democrático ocorre sim em Cuba e não só nas instâncias de poder popular (incluindo órgãos superiores como a Assembleia Nacional), como ficou demonstrado nos debates massivos que precederam o último congresso do Partido Comunista Cubano. Esse debate se estende a diversas instâncias além das células do Partido. Temos um exemplo claro no livro “Cuba: Ni Dogmas Ni Abandonos”, que possui diversos textos de diversos intelectuais cubanos que visam contribuir a construção democrática da sociedade cubana, sendo que muitos deles compartilham dessa visão idealista semelhante ao oportunismo liberal do PSTU. O PSTU, que não tem Lenin na sua biblioteca, desconhece o argumento leninista presente em “Imposto em Espécie” que gira em torno da primazia do político – “fora o poder, tudo é ilusão”. Mas o PSTU, que ignora a situação econômica de Cuba, provavelmente acredita que um “regime operário de verdade” lidaria com os problemas cubanos com muito mais facilidade que o proletariado realmente existente em Cuba, estabelecendo o socialismo por decreto.

É muito fácil reduzir a realidade a um quadro ideal formulado segundo a ideologia burguesa onde “cada um dá sua opinião”, mas para isso é necessário desprover dessa realidade grande parte de sua concretude.  É exatamente isso que o PSTU faz ao apelar para a retórica democrática e ao inocentarem Yoani das acusações de agente da CIA tratando isso como “acusação castrista”. O autor, um ignorante que não deveria se manifestar sem pesquisar ou um desonesto que se manifesta em nome de interesses escusos, faz o mesmo que os conglomerados brasileiros e finge que o fato dela servir direta e abertamente aos interesses do imperialismo e ser financiada por grandes aparatos de hegemonia de classe não diz absolutamente nada.  Aqui desaparece a estratégia norte-americana desde Helms-Burton (apoiar elementos como Yoani Sanchez) e o trabalho da CIA desde o seu nascimento. Tudo vira um grande campus universitário onde o proletariado pode enfrentar a burguesia livremente na mesa de debates – eis o “marxismo” do PSTU.  É esse mesmo “marxismo” que se preocupa em oferecer uma imagem “aceitável” do socialismo à mídia burguesa, já que o autor diz que “o castrismo é responsável por reforçar o estereótipo do socialismo do socialismo associado a caricaturas totalitárias”. Mas quem são os responsáveis por essa caricatura senão a burguesia e seus instrumentos de hegemonia aliados ao PSTU (fui redundante aqui?)? Aqui o partido renegado assume a profundidade de seu materialismo histórico: ele lida com “caricaturas” e não com a realidade concreta, o que já ficou mais do que provado em sua preocupação em falar de “democracia” e “ditadura” como formas ideais puras desvencilhadas da história e das classes, fazendo jus ao catecismo burguês.  É impressionante pensar que nem Trotsky era capaz de tamanha fineza intelectual, mas no que Trotsky sequer alcançou certos trotskistas superaram até mesmo os limites imagináveis.

Apesar do oportunismo e a hipocrisia do PSTU nunca terem alcançado limites tão altos como nesse caso, eu diria que, apesar de correto, é problemático acusar o documento em si de oportunismo, pois o mesmo destila a ideologia burguesa sem disfarces ou rodeios.  Objetivos concretos e a luta de classes são trocados pela “democracia” e pela “liberdade de expressão” num nível abstrato. O caráter mistificador da ideologia burguesa contida no documento fica claro em trechos como “se não concordam que lá existe uma ditadura, porque não argumentam e apresentam seu ponto de vista?”, como se houvesse uma “igualdade de condições“ entre a Yoani apoiada pelo imperialismo e os grandes conglomerados e os manifestantes que dispõem no máximo de suas vozes.  E é esse o “debate” que o PSTU defende, o debate entre a esquerda e uma agente da CIA? É por isso que o PSTU não comparece no debate que ele mesmo prega, porque já está devidamente representado por Yoani Sanchéz? E, voltando na história, porque Lenin  e os bolcheviques (e Trotsky, já que gostam tanto dele) ao invés de suprimir a Assembleia Constituinte burguesa em prol do Congresso dos Sovietes não participaram da mesma, argumentaram e apresentaram seu ponto de vista? 

Antes de colocarmos a posição do PSTU “acima do conflito” em um mundo ideal onde só existem opiniões independentes uma das outras, devemos ver o que há por trás do discurso nebuloso do documento e avaliar seu valor prático, o que ele representa politicamente. Concluímos que: 

a) O PSTU mais uma vez assume a mesma posição que o imperialismo. Isso foi o que ocorreu com a devastação social no leste europeu pós-1991 e com a "primavera árabe", mas aqui sequer temos as “massas de mentirinha” formada por mercenários como o caso líbio (ou qualquer revolução laranja, essas queridas do morenismo – nesse caso se trata somente de uma única mercenária que faz parte de uma estratégia de isolamento internacional do imperialismo contra o regime cubano (e aqui é irrelevante o caráter social do mesmo) sendo endossada pelo PSTU.  

b) Essa posição não é justificada segundo uma ótica marxista, mas sim com a afirmação nua e crua da ideologia burguesa, da "democracia e da liberdade". É correto debater com agentes do imperialismo, afinal o debate por si só contém em si um valor místico inexplicável. É aceitável fazer frente com o imperialismo em nome desses “valores universais”, quer dizer, tanto faz que forças estão por trás de Yoani, o importante é que ela é uma “democrata”.

c) Ao pretender se situar acima do confronto o PSTU assume uma posição esquerdista que, como dito, favorece o imperialismo.

O texto termina dizendo que “a esquerda identificada com o castrismo deve desfazer-se de seu arsenal de calúnias e acusações estalinistas e debater essas questões de forma franca, com idéias e argumentos”.  Como pode um partido reconhecido pelo seu sectarismo e que responde toda crítica apontando “stalinismo” do interlocutor , ou, como nesse caso, rotulando os outros de “esquerda castrista”? O oportunismo do PSTU fica ainda mais claro quando contrastado com a posição do eixo Nova Democracia-MEPR-LO-LCP, que sempre teve críticas a Revolução Cubana e nem por isso se põe a louvar agentes da CIA. Fato é que agora a face do oportunismo fica mais clara para todos os brasileiros e a base do partido deve se desligar o mais rápido possível dessa organização pró-imperialista.

[NOTA: Gostaria de saber a opinião do PSTU sobre o tratamento dispensado pela Revolução Russa aos partidos burgueses, mencheviques, anarquistas e socialistas-revolucionários, assim como aquele dado a contrarrevolução de Krondstat, conduzido pelo próprio Trotsky]

Fonte - Realpolitik

3 comentários:

Anônimo disse...

Hahahaha, "acusações estalinistas", essa camarilha do PSTU é muito hilária! O sectarismo deles vai longe! É impressionante a sede de vingança que a reação tem, isso é herança da guerra fria.

Renato disse...

Yoani Sanchez uma idiota útil da esquerda e da direita

http://lucianoayan.com/2013/02/25/yoani-sanchez-uma-idiota-util-da-esquerda-e-da-direita/#comments

Renato disse...

Mas afinal, o que diz a tal Yoani Sánchez?

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1544

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