sexta-feira, 8 de abril de 2011

Stalin foi um ditador?


Josef Stálin


Abaixo traduzo um pequeno trecho de um debate informal ocorrido em um grupo de discussão, entre o professor Grover Furr, dos EUA, e um professor do Reino Unido, cujo nome será mantido em sigilo.

A discussão se deu em torno do título de "ditador" que geralmente é aplicado a Stalin, e que o professor Furr, profundo estudioso do tema, rejeita veemente.

A idéia de publicar este trecho é apenas para mostrar um rascunho, os grandes movimentos ou traços principais de como este tema é abordado pelos dois lados.

Prof.: "Chamar Stalin de ditador não é tanto uma afirmação sobre Stalin como pessoa, mas sim sobre o Estado sobre o qual ele governava. Havia instituições relevantes que inspecionavam o seu poder? Era possível resistir à sua vontade através de meios políticos legais? Era possível contestar publicamente suas políticas ou defender que ele não deveria manter sua posição? Eu acho que não."

Grover: - Você está enganado. E isso ou porque você não estudou esta questão por si mesmo, ou então não leu alguém que tenha feito isso. Sem dúvida.

De fato, um dos maiores problemas de termos já automatizados nas mentes das pessoas como "ditador" é que eles lhes desencorajam a fazer certas perguntas, pois elas pensam - como você próprio - que essas questões já foram resolvidas e estabelecidas por alguém há muito tempo atrás.

Mas de fato elas não foram resolvidas, de maneira nenhuma.

Em meus artigos eu tenho documentado um grande número de exemplos onde Stalin foi frustrado, não alcançou seus objetivos porque não teve votos suficientes, etc.

Eu tenho encontrado mais exemplos disso do que já publiquei em meus escritos, mas não publico todos simplesmente porque não são relevantes para os temas sobre os quais estou escrevendo.

Mas eu posso te garantir uma coisa: é "politicamente incorreto", inaceitável para a corrente em voga de anticomunistas (e trotskistas) chegar a essa conclusão a despeito de quaisquer evidências.

"Stalin, o ditador" não é um julgamento baseado em evidência. Ao contrário, é uma afirmação de comprometimento ideológico, como a Imaculada Conceição. Evidência é irrelevante.

O historiador russo Iurii Zhukov, um dos membros da Academia Russa, disse em uma conferência alguns anos atrás (eu tenho o transcrito) que ele nunca viu nenhuma evidência de que Stalin era um ditador. Sua afirmação foi simplesmente ignorada.

Isso é um bom exemplo do que estou dizendo. "Stalin, o ditador" é um tipo de senha de respeitabilidade. Se você não repetir estes termos, você não "faz parte do clube" e pode ser deixado no ostracismo.

Prof.: "E é por essa razão que eu não tenho problemas em chamar Stalin de ditador. Não como um insulto, mas apenas como a forma que eu entendo que seu Estado operava, pelo menos a partir da década de 1930. Se Stalin não foi um ditador, então o termo não faz nenhum sentido."

Grover: Você está incorreto. Hitler certamente foi um ditador neste sentido. Stalin não foi.

Prof.: "E da mesma maneira eu não chamaria Khrushchev ou Brezhnev de ditadores, pois seu poder pessoal e autoridade era consideravelmente menor, e a liderança do partido operava muito mais coletivamente e menos formalmente sob seu controle."

Grover:Isso também está incorreto. Khrushchev não agia "coletivamente". Isso era explicitamente uma das maiores razões dadas por aqueles que o tiraram do poder (o transcrito da reunião do Comitê Central na qual ele foi removido de seu gabinete foi publicado em russo).

Prof.:"Quanto a Hitler, há tal unanimidade sobre seu status de ditador que, sim, não há necessidade de reavaliar isso. Mas sempre que há pessoas - como você - que argumentam que Stalin não foi um ditador, então aqueles entre nós que discordam irão reiterar nossa visão."

Grover: Veja acima.

Atencionsamente,
Grover Furr


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