terça-feira, 30 de agosto de 2011

Terrorismo e sabotagem trotskistas na URSS: rendez-vous em Berlim



Trechos do livro A grande conspiração — a guerra secreta contra a Rússia Soviética, dos jornalistas Michael Sayers e Albert E. Kahn


Nenhum incidente ou diálogo deste livro foi inventado pelos autores. O material foi colhido de várias fontes de documentação que vêm indicadas no texto ou mencionadas no fim, entre as “notas bibliográficas”.
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Desde o momento em que Trotsky deixou o solo soviético, os agentes dos serviços secretos estrangeiros movimentaram-se ansiosos por tomarem contato com ele e utilizaram-se de sua organização anti-soviética internacional. A Defensivapolonesa, a Ovra fascista italiana, o serviço secreto finlandês, os emigrados rusos-brancos que dirigíam os serviços secretos anti-soviéticos na Romênia, Iugoslávia e Hungria, e elemetos reacionarios como o serviço secreto britânico e o Deuxieme Bureau francês prepararam-se para entendimentos com o “Inimigo Público Número um da Rússia”.
Havia fundos, assistentes, uma rede de serviços de espionagem e de correio à disposição de Trotsky para manter e estender suas atividades de propaganda anti-soviética internacional e para apoiar a reorganização de seu aparelho conspirativo dentro da Rússia Soviética.
O mais importante de tudo isso era a crescente intimidade de Trotsky com o serviço secreto militar alemão (Seção 111B) que, sob o comando do coronel Walther Nicolai, já estava colaborando com a promissora Gestapo de Heinrich Himmler.
Até 1930, o agente de Trotsky, Krestinsky, recebera aproximadamente 2.000.000 de marcos-ouro da Guarda do Reich Alemão para financiar atividades trotskistas na Rússia Soviética, em troca de dados de espionagem entregues ao serviço secreto militar alemão pelos trotskistas. Krestinsky revelou mais tarde:
“De 1923 a 1930 recebemos anualmente 250.0000 marcos-ouro alemães, aproximadamente 2.000.000 de marcos-ouro. Até o fim de 1927 as condições desse acordo foram encaminhadas várias vezes em Moscou. Depois disso, do fim de 1927 ao fim de 1928, no decurso de cerca de dez meses, houve uma interrupção na remessa desse dinheiro, pelo fato de o trotskismo ter sido desmantelado, ficando eu isolado, sem saber dos projetos de Trotsky e sem receber informações ou instruções… Isto continuou até outubro de 1928, quando recebi uma carta de Trotsky, que nessa ocasião estava exiladoem Alma Alta… Essa carta continha instruções para que eu recebesse o dinheiro dos alemães, que ele propunha fosse entregue a Maslow ou aos seus amigos franceses, isto é, Roemer, Madeline Paz e outros. Entrei em contato com o general Seeckt. Nessa ocasião ele resignara a falar sobre o caso com Hammerstein e obter o dinheiro. Obteve-o. Hammerstein era nesse tempo o chefe do estado-maior da Guarda do Reich, e em 1930 foi promovido a comandante-geral.”
Em 1930 Krestinsky foi designado como comisario-assistente do Ministério do Exterior e transferido de Berlim para Moscou. Sua remoção da Alemanha, juntamente com a crise interna que se ia operando dentro da guarda do Reich como resultado do crescente poder do nazismo, detiveram novamente a caudal de dinheiro alemão para Trotsky. Mas este já estava para entrar em novo e mais extenso acordo com o serviço secreto alemão.
Em fevereiro de 1931, o filho de Trotsky, Leon Sedov, alugou um apartamento em Berlim. De conformidade com o seu passaporte, Sedov era um “estudante” na Alemanha; aparentemente tinha chegado a Berlim para frequentar um “instituto científico alemão”. Mas havia razões mais urgentes para a presença de Sedov na capital alemã naquele ano…
Poucos meses antes, Trotsky tinha escrito um folleto intitulado Alemanha: A Chave da Situação Internacional. Cento e sete deputados nazistas tinham sido eleitos para o Reichstag. O Partido Nazista recebra 6.400.000 votos. Quando Sedov chegou a Berlim, havia um sentimento de expectativa e tensão febril  na capital germânica. Milícias de camisas-pardas cantando “Horst Wessel” desfilavam pelas ruas de Berlim, assaltavam lojas de judeus e davam batidas nas casas e clubes de liberais e trabalhadores. Os nazistas estavam confiantes. “Nunca em minha vida estive tão bem desposto, despreocupado e contente como naqueles dias”, escreveu Aldof Hitler nas páginas do Voelkischer Beobachter.
Oficialmente, a Alemanha ainda era uma democracia. O comércio entre Alemanha e a Rússia Soviética estava no seu ponto alto. O governo soviético estava comprando maquinaria de firmas alemãs. Técnicos alemães vinham desempenhando tarefas importantes nos projetos soviéticos de mineração e eletrificação. Engenheiros soviéticos visitavam a Alemanha. Representantes comerciais soviéticos, negociantes e agentes viajavam continuamente entre Moscou e Berlim em tarefas ligadas com o Plano Quinquenal. Alguns desses cidadãos soviéticos eram companheiros ou antigos discípulos de Trotsky.
Sedov estava em Berlim como representante do pai, em issão conspirativa.
“Leon estava sempre à esperita”, escreveu Trostsky mais tarde em seu folleto Leon Sedov: Filho-Amigo-Lutador, “procurando avidamente fios de contato com a Rússia, à caça de turistas que regressavam, de estudantes comisionados no exterior, ou funcionários simpatizantes nas representações estrangeiras.” A principal tarefa de Sedov em Berlim era entrar em contato com os antigos membros da oposição, comunicar-lhes as instruções de Trotsky, ou coligir mensagens importantes para seu pai. “A fim de evitar comprometer seus informantes” e “para evadir aos espiões da OGPU”, escreveu Trotsky, “Sedov perdia horas a fio nas ruas de Berlim”.
Numerosos e importantes trotskistas tinham conseguido obter postos na Comissão de Comércio Exterior Soviético. Entre eles havia Ivan N. Smirnov, outrora oficial do Exército Vermelho e antigo membro dirigente da guarda de Trotsky. Depois de um curto período no exílio, Smirnov seguira a estratégia dos demais trotskistas, denunciando Trotsky e solicitando a sua readmissão no Partido Bolchevique. Como engenheiro profissional, Smirnov obteve logo um posto subalterno na indústria de transporte. No começo de 1931, Smirnov foi indicado como engenheiro-consultor de uma missão comercial que estava para seguir para Berlim.
Logo após a sua cegada em Berlim, Ivan Smirnov tomou contato com Leon Sedov. Em reuniões clandestinas no apartamento de Sedov e nas cervejarias e cafés suburbanos distantes da cidade, Smirnov soube dos planos de Trotsky para reorganização da oposição secreta em colaboração com agentes do serviço secreto alemão.
Daí em diante, comunicou Sedov a Smirnov, a luta contra o regime soviético devia assumir o caráter de uma ofensiva total. As antigas rivalidades e divergências políticas entre trotskistas, bukharinistas, zinovievistas, mencheviques, social-revolucionários e outros grupos e facções anti-soviéticas deveriam ser esquecidas. Era preciso formar-se uma oposição única.
Em segundo lugar, a luta asumiria daí por diante um caráter militante. Devia iniciar-se uma campanha nacional de terrorismo e sabotagem contra o regime soviético. Essa campanha tinha de ser elaborada com todos os seus pormenores. Por meio de golpes amplos e cuidadosamente sincronizados a oposição se habilitaria a derribar o governo soviético no meio de uma desesperadora confusão e desmoralização. Então a oposição tomaria o poder.
A tarefa imediata de Smirnov era transmitir as instruções de Trotsky para a reorganização do trabalho subterrâneo preparativos para o terrorismo e sabotagem, aos membros mais fiéis da oposição em Moscou. Competia também a ele enviar “dados regulares” a Berlim — que seriam entregues a Sedov por intermédio de portadores trotskistas, dados que Sedov confiaria ao pai. A senha de identificação desses portadores seria: “Eu trouxe saudações de Galya.”
Sedov solicitou a Smirnov mais uma coisa enquanto estava em Berlim. Ele devia encontrar-se com o chefe de uma missão comercial soviética que chegara recentemente em Berlim e informar a esse personagem que Sedov estava na cidade e desejava vê-lo para um assunto de extrema importância.
O chefe da missão comercial soviética que havia pouco chegara em Berlim era antigo companheiro de Trotsky e seu mais devoto admirador, Yuri Leonodovitch Pyatakov.
Magro e alto, bem trajado, testa altamente chanfrada, rosto pálido e barbicha ruiva e polida, Pyatakov parecia mais um mestre-escola do que o veterano conspirador que era. Em 1927, após o pretendido Putsch, Pyatakov fora o primeiro líder trotskista a romper com Trotsky e solicitar readmissão no Partido Bolchevique. Homem de extraordinária habilidade em direção e organização comercial, Pyatakov obteve várias tarefas nas indústrias soviéticas que se expandiam rapidamente, e isso mesmo quando ainda exilado na Sibéria.
No fim de1929, foi readmitido no Partido Bolchevique, para prova. Desempenhou uma série de cargos de direção em projetos de planificação industrial de transporte e produtos químicos. Em 1931, obteve um lugar no Supremo Conselho Econômico, a principal instituição soviética de planejamento; e nesse mesmo ano foi enviado a Berlim como chefe de uma missão especial para compra de equipamento industrial para o governo soviético.
Segundo as instruções de Sedov, Ivan Smirnov procurou Pyatakov em seu escritório em Berlim. Smirnov contou que Leon Sedov estava em Berlim e tinha uma mensagem especial de Trotsky para ele. Poucos dias depois, Pyatakov encontrou-se com Sedov. Eis como ele próprio narrou o encontro:
“Há um café conhecido como ‘Am Zoo’, a pequena distância do Jardim Zoológico na praça. Fui para lá e vi Leon Sedov sentado a uma mesinha. Nós nos tínhamos conhecido perfeitamente no passado. Ele me disse que não falava em seu próprio nome, mas em nome de Trotsky, e que este, sabendo que eu estava em Berlim, dera-lhe ordens categóricas para me procurar, encontrar-se pessoalmente comigo e falar-me. Sedov disse que seu pai não abandonara por um momento sequer a idéia de retomar a luta contra o governo soviético, que tinha havido uma pausa temporária, devida em parte ao vaivém de Trotsky de um país para outro, mas que essa luta estava para ser retomada, e disso ele, Trotsky, queria me informar… Depois Sedov perguntou-me a queima-roupa: ‘Trotsky pregunta a você Pyatakov, se tenciona ajudá-lo nessa luta.’ Dei-lhe o meu consentimento."
Então Sedov passou a informar Pyatakov acerca das linhas segundo as quais Trotsky se propusera a reorganizar a oposição:
“… Sedov continuou desenvolvendo a natureza e os novos métodos de luta: não se tratava de desenvolver uma simples luta de massas; se adotássemos essa modalidade de trabalho fracasaríamos imediatamente; Trotsky estava firme na idéia de uma derrocada violenta do governo de Stálin por métodos terroristas e destrutivos. Sedov disse ainda que Trotsky chamara a atenção para o fato de ser uma aberração confinar essa luta a um só país, não sendo possível fugir ao caráter internacional da questão. Nessa luta temos de achar também a solução necesaria para o problema internacional ou ao menos, para os problemas inter-estatais.
Quem quer que tente pôr de lado essas quesotes, disse Sedov, relatando palavras de Trotsky, assina seu próprio testimonium pauperatis.”
Seguiu-se logo uma segunda reunião entre Sedov e Pyatakov. Nessa ocasião Sedov lhe disse: “Você observa, Yuri Leonodovitch , que cada vez que se retoma a luta, é preciso dinheiro. Você pode providenciar os fundos necesários para a luta.” Sedov informou Pyatakov como poderia fazê-lo. Na sua qualidade de representante comercial do governo soviéticon na Alemanha, Pyatakov podia comprar o que quisesse nas duas firmas alemãs Borsig e Demag. Pyatakov não seria “muito exigente em matéria de preços” na realização desses negócios. Trotsky tinha um acordo com Borsig e Demag. “Você pagará preços mais altos”, disse Sedov, “mas esse dinheiro será encaminhado para os nossos trabalhos.”
Houve dois outros oposicionistas secretos em Berlim em 1931, que Sedov pôs a trabalhar no novo aparelho trotskista. Eram eles Alexei Chestov, engenheiro da missão comercial de Pyatakov, e Sergei Bessonov, membro da representação comercial da URSS em Berlim.
Bessonov, antigo social-revolucionário, era um homem possante, de aprência meiga, rosto moreno, que ia pelos seus quarenta. A representação comercial em Berlim, de quem Bessonov era membro, era a agência comercial soviética mais central na Europa e dirigia negociações com dez países diferentes. Ele estava, pois, idealmente habilitado a servir como “ponto de ligação”, entre os trotskistas russos e seu líder exilado. Ficou combinado que as comunicações trotskistas secretas da Rússia seriam enviadas a Bessonov em Berlim, e este as confiaria a Sedov ou a Trotsky.
Alexei Chestov era um personagem diferente, e sua tarefa devia corresponder ao seu temperamento. Ele tornar-se-ia um dos principais organizadores das células de espionagem e sabotagem alemã-trotskista na Sibéria, onde ele era membro do quadro do Truste Oriental e Siberiano de Carvão. Chestov estava no começo de seus trinta anos. Em 1923, quando ainda estudante en Moscou, no Instituto de Mineração, Chestov ligara-se à oposição trotskista, e, em 1927, chefiara uma das tipografias secretas em Moscou. Jovem esbelto, olhos claros, possuidor de intensa e violenta disposição, Chestov acompanhou Trotsky com fanática devoção. “Econtrei-me várias vezes, pessoalmente, com Trotsky”, gabava-se ele com satisfação. Para Chestov, Trotsky era “o líder”, e era como quase invariavelmente se referia a ele.
“Nosso papel não é espreitar e assobiar à espera de bom tempo”, disse Sedov a Chestov quando se encontraram em Berlim. “Precisamos dar-nos com todas as nossas forças e meios à nossa disposição a uma política ativa de descrédito do governo Stálin e da sua política.” Trotsky sustentava que “o único caminho certo, caminho difícil mas seguro, era o da destituição de Stálin e dos chefes do governo por meios terroristas”. “Andamos às cegas”, concordou prontamente Chestov. “É necessário traçar um novo plano de luta!”
Sedov disse a Chestov que conhecia um industrial alemão chamado Dehlmann que era diretor da firma Froelich-Kluepfel-Dehlmann. Muitos dos engenheiros dessa firma eram empregados das minas siberianas do Leste, onde trabalhava o próprio Chestov, que o conhecia de nome.
Sedov disse então a Chestov que ele tinha “de entrar em contato com Dehlmann” antes de regressar à Rússia Soviética. A firma Dehlmann, explicou, poderia ser muito útil à organização trotskista para “solapar a economia soviética” na Sibéria. Herr Dehkmann já estava ajudando a contrabandear propaganda e agentes trotskistas na União Soviética. Em troca disso, Chestov poderia fornecer a Herr Dehlmann informações acerca das novas minas e indústrias siberianas, nas quais o diretor alemão estava particularmente interessado…
“Você está me aconselhando a entrar em entendimento com a firma?” perguntou Chestov. “Que há de terrível  nisso”, replicou o filho de Trotsky. “Se eles nos estão prestando um favor, por que não lhes prestaríamos o de fornecer algunas informações? “Você está propondo simplesmente que eu me torne um espião!”, exclamou Chestov.
Sedov encolheu os ombros. “É absurdo usar palavras como essa”, disse ele. Numa luta não é razoável ser tão melindroso assim. Se você aceita o terrorismo, se você aceita a destruição e solapamento da indústria, francamente não consigo entender como não possa concordar com o que lhe proponho”.
Poucos dias depois, Chestov viu Smirnov e contou-lhe o que dissera o filho de Trotsky. “Sedov mandou-me estabelecer ligação com a firma de Froelich-Kluepfel-Dehlmann”, disse Chestov. “Brutalmente, ele me disse que estabelecesse ligação com uma firma empenhada em espionagem e sabotagem em Kuzbas. Nesse caso eu seria um espião e sabotador”. “Deixe essas palavras bonitas 'espião' e 'sabotador'"!, exclamou Smirnov. “O tempo passa e é preciso agir… O que há de surpreendente para você quando se considera que é possível derribar o governo de Stálin mobilizando todas as forças contra-revolucionárias em Kuzbas? O que você acha de tão terrível em alistar agentes germânicos nesse trabalho?... Não há outro caminho. Temos de aceitá-lo."
Chestov calou-se. Smirnov perguntou-lhe: "Qual a sua opinião?" “Não tenho opinião pessoal”, disse Chestov. “Faço como o nosso líder Trotsky nos ensinou — presto atenção e aguardo ordens.”
Antes de deixar Berlim, Chestov encontrou-se com Herr Dehlmann, diretor da firma alemã que financiava Trotsky. Chestov foi recrutado, sob o nome em código de “Alyosha”, no serviço secreto militar alemão. Chestov declarou depois:
“Encontrei-me com o diretor dessa firma, Delhmann, e o seu assistente Koch. A essência da palestra com os chefes da firma Froelich-Kluepfel-Dehlmann foi o seguinte: primeiro, suprimento de informações secretas, por meio de representantes dessa firma que trabalhavam na Bacia de Kuznetsk e organização de uma trabalho de destruição e divisão juntamente com os trotskistas. Foi dito que a firma, em troca disso, ajudar-nos-ia e enviaria mais gente se nossa organização o requisitasse... Eles ajudariam de todo modo os trotskistas na escalada do poder.”
De volta à Rússia Soviética, Chestov trouxe uma carta, que Sedov lhe tinha entregado para Pyatakov, que regressara a Moscou. Chestov escondeu a carta na sola de um de seus sapatos. Entregou-a a Pyatakov no Comissariado da Indústria Pesada. A carta era do próprio Trotsky, escrita em Prinkipo (Turquia, onde ele estava exilado). Delineava as “tarefas imediatas” da oposição na Rússia Soviética.
A primeira tarefa era “utilizar-se de todos os meios possíveis para derribar Stálin e seus sócios”. Isso significava terrorismo.
A segunda tarefa era “unir todas as forças anti-stalinistas”. Isso significava colaboração com o serviço secreto alemão e com qualquer outra força anti-soviética que quisesse trabalhar juntamente com a oposição.
A terceira tarefa era “torpedear todas as medidas do governo soviético e do Partido, particularmente no campo econômico”. Isso significava sabotagem.
Pyatakov devia ser o principal lugar-tenete de Trotsky responsável pelo trabalho conspirativo dentro da Rússsia Soviética.
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Assassinato no México
débacle final da quinta-coluna russa no julgamento do Bloco das Direitas e Trotskistas em Moscou foi um tremendo golpe em Trotsky. Uma nota de desespero e histeria começou a dominar em todas os seus escritos. Sua propaganda contra a União Soviética tornava-se cada vez mais atrevida, contraditória e extravagante. Ele falava incessantemente de sua “retidão histórica”. Seus ataques a Stálin perderam toda aparência de razão. Escrevia artigos assegurando que o líder soviético achava um prazer sádico em “atirar fumaça” no rosto de crianças. Cada vez mais seu ódio pessoal contra Stálin foi tornando-se a força dominadora da vida de Trotsky. Pôs seus secrtários trabalhando em uma Vida de Stálin, um vitupério maciço de mil páginas.
Em 1939, Trotsky esteve em contato com o Comitê do Congresso chefiado pelo representante Martin Dies, do Texas. O comitê, fundado para investigar sobre atividades anrtiamericanas, tonara-se um fórum de propaganda anti-soviética. Trotsky foi abordado por agentes do “Comitê Dies” e convidado a depor como “testemunha idônea” sobre a ameaça de Moscou. Foi citada uma declaração de Trotsky no New York Times de 8 de dezembro de 1939, em que ele considerava seu dever político depor perante o “Comitê Dies”. Discutiram-se projetos para a vinda de Trotsky aos EUA. O projeto, entretanto, fracassou.
Em setembro de 1939, um agente trotskista europeu, viajando sob o nome de Frank Jacson, chegou aos EUA no vapor francês Ile de France. Jacson fora recrutado para o movimento por uma trotskista americana, Sílvia Ageloff, quando ainda estudante na Sorbone, em Paris. Em 1939, ele foi procurado em Paris por um representante do bureau secreto da IV Internacional, que lhe comunicou que tinha de seguir para o México, para trabalhar como um dos “secretários” de Trotsky. Foi-lhe dado um passaporte que originalmente partencia a um cidadão canadense, Tony Babich, membro do exército republicano español, morto pelos fascistas na Espanha. Os trotskistas tinham conseguido o passaporte de Bebich, tiraram a sua fotografia e inseriram a de Jacson no seu lugar.
À sua chegada em Nova York, Jacson encontrou Sílvia Ageloff e outros trotskistas, os quais o tomaram e o levaram para Coyoacan, onde trabalharia com Trotsky. Posteriormente Jacson informou à polícia mexicana:
“Trotsky estava para me enviar à Rússia com o objetivo de organizar um novo estado de coisas na URSS. Disse-me que eu tinha de ir a Xangai, encontrar-me com outros agentes e juntamente com eles eu teria de cruzar o Manchucuo e chegar à Rússia. Nossa tarefa seria semear desânimo no Exército Vermelho, cometer atos de sabotagem em fábricas e indústrias de armamentos.”
Jacson não exerceu nunca a sua missão terrorista na União Soviética. Até que numa tarde de 20 de agosto de 1940, na vila fortemente protegida de Coyoacan, Jacson assassinou seu líder, Leon Trotsky, esmagando-lhe a cabeça com uma picareta.
Preso pela polícia mexicana, Jacson disse que desejava casar-se com Sílvia Ageloff, e que Trotsky proibira o casamento. Uma violenta disputa, envolvendo a moça, irrompeu entre os dois homens. “Por amor dela”, disse Jacson, “eu me decidira a sacrificar-me inteiramente.”
Em declarações posteriores, Jacson disse:
“… Em vez de achar diante de mim um chefe político dirigindo a luta de libertação da classe operária, eu me encontrei diante de um homem que não desejava outra coisa senão satisfazer as suas necesidades e desejos de vingança e ódio, e que não se utilizava da luta dos trabalhadores a não ser para ocultar a sua pequenez e seus cálculos inconfessáveis.
… Quanto à sua casa, que ele dizia muito bem ter sido convertida numa fortaleza, eu perguntei várias vezes a mim mesmo de onte teria vindo o dinheiro para aquelas obras… Talvez o cônsul de uma grande nação estrangeira que o visitava frequentemente pudesse dar-nos uma resposta a essa pregunta.
Foi Trotsky quem destruiu a minha natureza, o meu futuro e todas as minhas afeições. Ele converteu-me num homem sem nome, sem pátria, num seu instrumento. Fiquei às cegas… Trotsky amarrotou-me em suas mãos como uma folha de papel.”
A morte de Leon Trotsky deixava um só candidato vivo para o papel de Napoleão da Rússia: Adolf Hitler.          

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