Estes são tempos difíceis para os defensores do capitalismo na Rússia e nos países que integravam a União Soviética. Uma correnteza lava a história contada pelos gorbachovistas e a burguesia mundial sobre o período soviético sob a direção de Josef Stálin. Os arquivos sobre várias das principais “evidências do terror” das décadas de 30-40 do século passado então estão sendo novamente questionados e postos em dúvida. O motivo principal é a aparição de um agente do governo de Boris Yeltsin que afirma ter participado de alterações e falsificações de vários documentos, entre eles o de “O massacre de Katyn” e da “Carta de Béria nº 794/B” (nessa última ele mesmo teria falsificado a assinatura de Béria).
A denúncia foi tornada pública pelo deputado Viktor Ilyukhin, parlamentar da Duma russa pelo Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), que foi contatado por telefone no dia 20 de maio pelo agente que queria passar informações sobre as execuções de oficiais poloneses em Katyn, caso conhecido como “O massacre de Katyn”. No mesmo dia, Ilyukhin encontrou-se pessoalmente com o ex-agente de Yeltsin e um dos encarregados pela falsificação de documentos soviéticos do período de Stálin. De acordo com o informante, ele resolveu falar porque não concorda com a situação que vive a Rússia e com a liberação dos documentos falsificados para a população.
Segundo o agente relatou ao deputado Viktor Ilyukhin, um grupo de falsificadores foi formado no início da década de 1990 (os documentos apareceram, “misteriosamente”, em 91-92) e eles foram providos de altos salários e materiais para as falsificações, como velhos carimbos e fôrmas para carimbos soviéticos. O grupo trabalhou na cidade de Nagorno até o ano de 1996 e depois seus membros foram transferidos para a vila de Zaretye. Entre os participantes do grupo de falsificação estariam o coronel Klimov, Rudolf Pichoya (chefe do arquivo russo), M. Poltoranin (amigo de Yeltsin) e G. Rogozin (chefe da segurança do presidente russo). Há de se observar que Rudolf Pichoya foi o responsável pela entrega dos documentos “secretos” ou “perdidos” do Pacote Fechado nº 1 (ou Pasta de Katyn) a Lech Walesa (presidente da Polônia) em Varsóvia, no dia 14 de outubro de 1992. Ele afirmou ainda ter sido ele quem falsificou a assinatura de Béria na carta conhecida como Carta de Béria nº 794/B e também as assinaturas de Stálin, Voroshilov, Molotov e Mikoyan.
A falsificação do grupo engloba importantes momentos da história soviética, a fim de incriminar o Estado Soviético. Buscava alterar documentos existentes e até criar outros. Fazem parte das falsificações: o ato de abdicação de Nicolau II, a Carta de Shelepin (que incrimina a URSS pela morte de cidadãos polacos) e a Carta de Béria nº 794/B. Diz ainda que sabe da participação do 6º Instituto do Estado-Maior Russo nestas alterações, acabando por entregar vários materiais que foram usados nas falsificações. Entre eles, fôrmas de carimbos da década de 1940, alguns carimbos falsos e marcas de carimbos e documentos.
Viktor Ilyukhin tornou públicas as informações por meio da divulgação de um vídeo em que mostra parte do material que tem. Entre eles há o destaque para um carimbo similar ao usado na Carta de Béria e um documento de 202 páginas (também falsificado pelo mesmo grupo) tendencioso e que faz crer que Stálin, mesmo sabendo da iminência da guerra com a Alemanha nazista, não teria feito nada para a URSS se preparar.
No vídeo, o deputado afirma que o coronel Klimov fora o único responsável pela Carta de Shelepin (de 1959, direcionada a Kruchev), sendo então fácil comparar sua letra à letra dessa carta por meio de perícia. Quando o informante fazia parte do grupo, chegava a liberar milhares de páginas falsificadas. Disse que algumas ordens de falsificação teriam vindo diretamente do chefe do arquivo russo. Provavelmente o grupo ainda trabalha em algum lugar agora desconhecido.
Em junho passado, Ilyukhin pediu à Duma russa uma investigação parlamentar, devido ao tamanho dos fatos e aos altos funcionários envolvidos. Reclamou que tais falsificações buscavam igualar o stalinismo ao fascismo e que a atividade deste grupo coincidiu com a desclassificação de documentos do Politburo e do Comitê Central do Partido Comunista por uma comissão de governo liderada por Mikhail Poltoranin, que era um dos envolvidos nas falsificações.
Vários documentos foram avaliados por especialistas, a pedido do PCFR, que acabaram por comprovar que os documentos são falsos. Nesse bolo de falsificações estaria um documento que tenta provar parcerias entre a NKVD (polícia soviética) e a Gestapo (polícia secreta nazista).
Em seu discurso à Duma, Ilyukhin fez menção aos carimbos que tem em sua mão para falsificações em nome de Béria e Stálin e algumas fôrmas dos anos 30 e 40 como prova. Reclamou à Duma uma comissão para investigar o massacre de prisioneiros de guerra poloneses em Kozi Gory, visto que, dos milhares de vítimas do “terror” dos sovietes, somente 162 crânios foram encontrados em Kharkov e apenas 62 tinham perfurações de bala. Já em Katyn, em sua maioria, os crânios apresentavam buracos de bala. Em Mednoe, por sua vez, dos 226 “poloneses” mortos encontrados, apenas 20 tinham marcas de bala. O que é uma prova de que as mortes não têm conexão alguma com um fuzilamento em massa.
O caso de Katyn é conhecido por ser um sinal de alerta ao nível a que se chegou nos ataques ao socialismo. Para isso são apresentados 49 pontos que comprovavam sua falsificação e que podem ser lidos, em inglês, no blog http://mythcracker.wordpress.com. Vários vídeos de Ilyukhin falando à Duma e à TV sobre o caso podem ser vistos na internet.
Os capitalistas podem atacar como for o socialismo, o marxismo-leninismo, mas a história mostrou, mostra e mostrará sempre a verdade.
Eduardo Augusto, Recife
Fonte - A VERDADE
Nenhum comentário:
Postar um comentário