Um país extremamente desconhecido para a maioria dos brasileiros. Esta é a Coréia do Norte, com 23 milhões de habitantes, um histórico doloroso de guerra com o Japão, uma cultura muito diferente da nossa e um regime de governo visto com desconfiança por boa parte do mundo. Governada por Kim-Jong-il, o país é constantemente criticado por organismos de direitos humanos, pela falta de liberdade de expressão e por não possuir um modelo de democracia igual aos dos países ocidentais. Mas e o outro lado da questão?
O Estudante de física da USP Alexandre Rosendo, de 17 anos esteve no país neste mês de Abril, do dia 9 ao dia 19 . Ele mantém um blog chamado "Solidariedade à Coréia Popular ", onde divulga informações sobre o país norte-coreano e defende seu regime de governo.
Em entrevista ao jornalista Aurelio Moraes, Alexandre contou muitas curiosidades sobre esta visita.
Em entrevista ao jornalista Aurelio Moraes, Alexandre contou muitas curiosidades sobre esta visita.
Como surgiu o convite para vocês visitarem o país e quanto tempo durou a visita?
Resposta:
Fomos convidados para visitar a RDP da Coréia em setembro do ano passado, durante uma cerimônia na qual participamos para comemorar os 62 anos da fundação da República democrática e popular na parte norte da Coréia. Todos os gastos da viagem ficaram por conta da Associação Coreana de Cientistas Sociais: Alimentação, gasolina, hotel, etc. etc. Entramos na Coréia do Norte no dia 9 de abril de 2011 e saímos no dia 19 de abril de 2011 (10 dias). Foi uma viagem que valeu muito a pena pelo fato de termos tido a liberdade de ver o que a totalidade dos turistas não poderia ver: Fábricas, granjas cooperativas, o campo, escolas, universidade, hospitais, estabelecimentos, etc.
Quais foram suas primeiras impressões ao chegar na Coréia do Norte?
R:
A primeira impressão que tivemos quando pisamos pela primeira vez na Coréia é de ver um país que passa por dificuldades e se esforça com todo o ímpeto para superá-las. A falta de fertilidade do solo coreano e o simples fato de ele se encontrar congelado durante a maior parte dos anos leva a população a aproveitarem cada cm² de terra fértil. Mesmo no meio do aeroporto, nas pistas onde passavam os aviões, encontravam-se pequenas plantações de arroz. Porém, mesmo com todas as dificuldades, pudemos presenciar um país de se orgulha de ter a capital mais limpa do mundo. O sistema universal e gratuito de educação compulsória de 11 anos, estabelecido em 1972, além de um dos mais modernos sistemas de saúde do mundo também é motivo de orgulho para seus cidadãos. Um país no qual se conta nos dedos a quantidade de pessoas sem moradia em pleno bloqueio deve ser um exemplo a ser seguido.
R:
A primeira impressão que tivemos quando pisamos pela primeira vez na Coréia é de ver um país que passa por dificuldades e se esforça com todo o ímpeto para superá-las. A falta de fertilidade do solo coreano e o simples fato de ele se encontrar congelado durante a maior parte dos anos leva a população a aproveitarem cada cm² de terra fértil. Mesmo no meio do aeroporto, nas pistas onde passavam os aviões, encontravam-se pequenas plantações de arroz. Porém, mesmo com todas as dificuldades, pudemos presenciar um país de se orgulha de ter a capital mais limpa do mundo. O sistema universal e gratuito de educação compulsória de 11 anos, estabelecido em 1972, além de um dos mais modernos sistemas de saúde do mundo também é motivo de orgulho para seus cidadãos. Um país no qual se conta nos dedos a quantidade de pessoas sem moradia em pleno bloqueio deve ser um exemplo a ser seguido.
É bem conhecida uma série de reportagens da jornalista Ana Paula Padrão, para o Jornal do SBT, sobre a Coréia do Norte. Você percebeu diferenças entre a realidade que viu lá e o que foi mostrado nas reportagens?
R:
Sinceramente, não pudemos perceber muita diferença entre a realidade mostrada naquele documentário e o que percebemos no país. O documentário feito pela jornalista Ana Paula Padrão mostra uma Coréia muito bonita, com um povo bem-vestido, alegre. O grande problema é que uma visão preconceituosa e idealista faz com que a mesma enxergue pêlo em ovo. Tudo vira motivo para se falar em “totalitarismo”. Fala-se no “totalitarismo” no sorriso das pessoas, no “totalitarismo” presente nas danças de ginástica de massas... É melhor focar na realidade objetiva do que se apegar a conceitos vazios, abstratos.
R:
Sinceramente, não pudemos perceber muita diferença entre a realidade mostrada naquele documentário e o que percebemos no país. O documentário feito pela jornalista Ana Paula Padrão mostra uma Coréia muito bonita, com um povo bem-vestido, alegre. O grande problema é que uma visão preconceituosa e idealista faz com que a mesma enxergue pêlo em ovo. Tudo vira motivo para se falar em “totalitarismo”. Fala-se no “totalitarismo” no sorriso das pessoas, no “totalitarismo” presente nas danças de ginástica de massas... É melhor focar na realidade objetiva do que se apegar a conceitos vazios, abstratos.
A imprensa brasileira na sua opinião distorce a realidade norte-coreana?
R:
A imprensa brasileira, subserviente aos ditames da imprensa sul-coreana e norte-americana, não só distorce como também mente de forma aberta acerca da Coréia Socialista e da situação na Península Coreana. Creio que se passarmos analisando cada mentira que a imprensa publica sobre o país, não sairia daqui tão cedo. De qualquer forma, tentarei ser sistemático: No ano passado, foi publicada uma matéria na Folha de São Paulo segundo a qual as mulheres norte-coreanas teriam sido proibidas de usar calças. Mentira, praticamente todas elas usavam quando estivemos lá; A mentira mais famosa, creio eu, foi aquela segundo a qual a Coréia do Norte teria falsificado o resultado do jogo do Brasil e teria sido posta como vencedora. Mentira. Todos os norte-coreanos sabiam que o Brasil tinha ganhado e aquele vídeo que circulou pela Internet era falso – afinal, a tal jornalista coreana que supostamente anuncia a “vitória" norte-coreana, na prática, não fala nada relacionado a futebol. Mentiras como essas divulgadas em larga escala (que apareceram inclusive no jornal das 8) são de grande desgosto para qualquer pessoa que tenha compromissos com a verdade.
R:
A imprensa brasileira, subserviente aos ditames da imprensa sul-coreana e norte-americana, não só distorce como também mente de forma aberta acerca da Coréia Socialista e da situação na Península Coreana. Creio que se passarmos analisando cada mentira que a imprensa publica sobre o país, não sairia daqui tão cedo. De qualquer forma, tentarei ser sistemático: No ano passado, foi publicada uma matéria na Folha de São Paulo segundo a qual as mulheres norte-coreanas teriam sido proibidas de usar calças. Mentira, praticamente todas elas usavam quando estivemos lá; A mentira mais famosa, creio eu, foi aquela segundo a qual a Coréia do Norte teria falsificado o resultado do jogo do Brasil e teria sido posta como vencedora. Mentira. Todos os norte-coreanos sabiam que o Brasil tinha ganhado e aquele vídeo que circulou pela Internet era falso – afinal, a tal jornalista coreana que supostamente anuncia a “vitória" norte-coreana, na prática, não fala nada relacionado a futebol. Mentiras como essas divulgadas em larga escala (que apareceram inclusive no jornal das 8) são de grande desgosto para qualquer pessoa que tenha compromissos com a verdade.
Quais os costumes da sociedade de lá mais curiosos e mais diferentes dos nossos?
R:
A cultura coreana é diametralmente diferente da cultura brasileira. Talvez isso explique o porquê de a maioria da dita ‘esquerda’ nutrir um ódio pequeno-burguês pela Coréia do Norte, mesmo que esta tenha realizado as tarefas fundamentais de um Estado Proletário: A industrialização pesada, a mecanização da agricultura e o conseqüente avanço no desenvolvimento das forças produtivas, etc etc.
No mais, em termos culturais, o que me chamou mais atenção é o respeito que todos têm pela figura da ‘liderança’. A Coréia, tendo sido por milênios uma sociedade que tinha como base a família e, no centro desta, a figura paterna ou materna, explica historicamente essa reverência. Lembro-me que, quando chegamos em Pyongyang, nosso camarada anfitrião So Ryun So disse-nos que seria necessário um líder à frente da delegação. Como não tínhamos pensado nisso antes, botamos o camarada Gabriel à frente da delegação por questões meramente formais, além de ser o mais velho entre nós. Para nosso amigo Ryung So, não fazia sentido a forma arbitrária como a liderança tinha sido escolhida. Enfim, foram coisas que pudemos perceber ao longo do convívio com camaradas coreanos.
Outra coisa que pude perceber é a forma camaradesca, familiar e respeitosa como os coreanos se tratam. Na presença de nosso anfitrião-guia, o que mais ouvíamos eram palavras como “So Dongji” (camarada So, em português). Os coreanos também dão muita atenção à questão das boas maneiras mais do que os outros povos. Lembro-me que, no nosso primeiro dia no hotel, foi feito um jantar de confraternização entre todas as delegações. Enquanto todos se portavam como verdadeiros gentlemen, fazíamos questão de mostrar a todos nossas maneiras vikings de nos comportar à mesa, como quem come um churrasquinho de gato num clássico Corinthians X Palmeiras ou como a peãozada que bota dois quilos de arroz e feijão no mesmo prato.
Por uma questão de respeito, um camarada sempre serve cerveja ao outro quando está à mesa. Se bem que isso poderia ser aplicado aqui no Brasil também... Não seria tão distante culturalmente como venerar um líder.
R:
A cultura coreana é diametralmente diferente da cultura brasileira. Talvez isso explique o porquê de a maioria da dita ‘esquerda’ nutrir um ódio pequeno-burguês pela Coréia do Norte, mesmo que esta tenha realizado as tarefas fundamentais de um Estado Proletário: A industrialização pesada, a mecanização da agricultura e o conseqüente avanço no desenvolvimento das forças produtivas, etc etc.
No mais, em termos culturais, o que me chamou mais atenção é o respeito que todos têm pela figura da ‘liderança’. A Coréia, tendo sido por milênios uma sociedade que tinha como base a família e, no centro desta, a figura paterna ou materna, explica historicamente essa reverência. Lembro-me que, quando chegamos em Pyongyang, nosso camarada anfitrião So Ryun So disse-nos que seria necessário um líder à frente da delegação. Como não tínhamos pensado nisso antes, botamos o camarada Gabriel à frente da delegação por questões meramente formais, além de ser o mais velho entre nós. Para nosso amigo Ryung So, não fazia sentido a forma arbitrária como a liderança tinha sido escolhida. Enfim, foram coisas que pudemos perceber ao longo do convívio com camaradas coreanos.
Outra coisa que pude perceber é a forma camaradesca, familiar e respeitosa como os coreanos se tratam. Na presença de nosso anfitrião-guia, o que mais ouvíamos eram palavras como “So Dongji” (camarada So, em português). Os coreanos também dão muita atenção à questão das boas maneiras mais do que os outros povos. Lembro-me que, no nosso primeiro dia no hotel, foi feito um jantar de confraternização entre todas as delegações. Enquanto todos se portavam como verdadeiros gentlemen, fazíamos questão de mostrar a todos nossas maneiras vikings de nos comportar à mesa, como quem come um churrasquinho de gato num clássico Corinthians X Palmeiras ou como a peãozada que bota dois quilos de arroz e feijão no mesmo prato.
Por uma questão de respeito, um camarada sempre serve cerveja ao outro quando está à mesa. Se bem que isso poderia ser aplicado aqui no Brasil também... Não seria tão distante culturalmente como venerar um líder.
Como está a questão do embargo econômico ao país? Vocês sentiram isto na prática?
R: O bloqueio é uma forma de estrangular o sistema democrático-popular estabelecido na parte norte da Coréia. Consiste em realizar o bloqueio total no setor tecnológico e de telecomunicações. Congelou todos os fundos que o país tinha depositado em bancos estrangeiros e pessoas de outros países que visitam a Coréia do Norte não podem sacar dinheiro em moedas estrangeiras. Nos anos 90, quando o país passou por desastres naturais gravíssimos que destruíram boa parte da agricultura (e, também, não tinham como importar os alimentos como forma de suprir a demanda interna, haja visto que havia perdido quase todos os mercados depois da queda da URSS) e foi obrigado a recorrer a organismos internacionais, boa parte da ajuda foi sancionada pelos imperialistas sob o pretexto de que a Coréia estaria levando a cabo um programa nuclear (ironicamente, os norte-americanos até hoje não foram sancionados pelo fato de mais de metade dos gastos mundiais com armamentos vir por parte de seu país).
O bloqueio também afeta diretamente o setor de telecomunicações. Não é possível, por exemplo, realizar ligações internacionais diretamente da Coréia do Norte. Para passar por cima disso, o governo foi obrigado a fazer um acordo com uma empresa tailandesa e, através dela, possibilitar a comunicação com outros países. Todo esse processo, porém, encarece muito as ligações. Quando ligamos para o Brasil e falamos por menos de três minutos com nossos familiares, tivemos que pagar US$30,00 pelas ligações.
R: O bloqueio é uma forma de estrangular o sistema democrático-popular estabelecido na parte norte da Coréia. Consiste em realizar o bloqueio total no setor tecnológico e de telecomunicações. Congelou todos os fundos que o país tinha depositado em bancos estrangeiros e pessoas de outros países que visitam a Coréia do Norte não podem sacar dinheiro em moedas estrangeiras. Nos anos 90, quando o país passou por desastres naturais gravíssimos que destruíram boa parte da agricultura (e, também, não tinham como importar os alimentos como forma de suprir a demanda interna, haja visto que havia perdido quase todos os mercados depois da queda da URSS) e foi obrigado a recorrer a organismos internacionais, boa parte da ajuda foi sancionada pelos imperialistas sob o pretexto de que a Coréia estaria levando a cabo um programa nuclear (ironicamente, os norte-americanos até hoje não foram sancionados pelo fato de mais de metade dos gastos mundiais com armamentos vir por parte de seu país).
O bloqueio também afeta diretamente o setor de telecomunicações. Não é possível, por exemplo, realizar ligações internacionais diretamente da Coréia do Norte. Para passar por cima disso, o governo foi obrigado a fazer um acordo com uma empresa tailandesa e, através dela, possibilitar a comunicação com outros países. Todo esse processo, porém, encarece muito as ligações. Quando ligamos para o Brasil e falamos por menos de três minutos com nossos familiares, tivemos que pagar US$30,00 pelas ligações.
Tecnologia: O norte-coreano medio tem acesso à celular, internet ,computador etc?
R: A Coréia do Norte pôde ter acesso à tecnologia dos celulares 3G pela primeira vez em 2008, através de uma joint-venture com uma empresa egípcia. Em termos proporcionais, é o país do mundo com maior acesso à tecnologia. Porém, em termos brutos, o número de usuários ainda é pequeno. Porém, a tecnologia está se espalhando. De acordo com estatísticas de 2010, o número de usuários na RDP da Coréia inteira era de 302 mil. A tendência é que esse número aumente, como pudemos perceber em nossa viagem vários coreanos nas ruas usando celulares avançados. A internet existe mas, por conta do bloqueio, ainda é muito precária (não existe banda larga para internet, apenas discada). A tecnologia mais comum nesse sentido lá é a Intranet, semelhante à Internet mas restrita ao território norte-coreano. Como forma de evitar espionagens ou ações de elementos subversivos, a Intranet só pode ser acessada em locais públicos, como estabelecimentos que possuam tal tecnologia.
R: A Coréia do Norte pôde ter acesso à tecnologia dos celulares 3G pela primeira vez em 2008, através de uma joint-venture com uma empresa egípcia. Em termos proporcionais, é o país do mundo com maior acesso à tecnologia. Porém, em termos brutos, o número de usuários ainda é pequeno. Porém, a tecnologia está se espalhando. De acordo com estatísticas de 2010, o número de usuários na RDP da Coréia inteira era de 302 mil. A tendência é que esse número aumente, como pudemos perceber em nossa viagem vários coreanos nas ruas usando celulares avançados. A internet existe mas, por conta do bloqueio, ainda é muito precária (não existe banda larga para internet, apenas discada). A tecnologia mais comum nesse sentido lá é a Intranet, semelhante à Internet mas restrita ao território norte-coreano. Como forma de evitar espionagens ou ações de elementos subversivos, a Intranet só pode ser acessada em locais públicos, como estabelecimentos que possuam tal tecnologia.
A liberdade de imprensa lá é bastante criticada. As críticas procedem? Lá existe imprensa pluralista como a nossa?
R: É muito complicado falar em “liberdade de expressão” usando termos positivistas, sem definir o que seria “liberdade” ou o que seria “expressão”. A imprensa norte-coreana é controlada pelo governo, em contraste com a imprensa de países capitalistas que está concentrada em conglomerados. Não é possível especular se existiria ou não a possibilidade de se criar um jornal contra o governo ou contra o comunismo, já que não existe nenhuma lei que o proíba. De qualquer forma, a ideologização de toda a sociedade já foi levada a cabo há décadas lá e não encontramos qualquer oposição contra o governo (o que não impede que esta exista, de qualquer forma).
Muita gente costuma falar sobre a pobreza na Coréia do Norte. Existe miséria no país, como costuma sair na mídia ou na sua opinião é uma interpretação equivocada da realidade norte-coreana?
R: É necessário, antes de tudo, destacar que “pobreza” é um conceito relativo. Durante os dez dias que estivemos em Pyongyang, não encontramos um único morador de rua e/ou semelhantes. No campo, encontramos cidades sem sombra dúvidas muito menos desenvolvidas que Pyongyang, mas em nenhuma existia “miséria” nos termos como estamos acostumados a tratar em nosso país. Pode-se até falar em pobreza, mas jamais em miséria. O que vimos no máximo de pobreza foi algumas casas no campo, mal-pintadas e visivelmente degradadas. Todas, porém, tinham plantações de arroz, maiz, batata ou criação de galinhas, por exemplo. Não que essa vida simples seja o norte maior que o socialismo pode alcançar. Porém, para um país que tem boa parte do desenvolvimento de suas forças produtivas freado por conta do bloqueio, é muito impressionante. Sem palavras para descrever.
Como é a indústria da Coréia do Norte? Visitaram alguma fábrica?
Já no início dos anos 70, a Coréia do Norte possuía um dos maiores parques industriais do mundo. Tratava-se de um países socialistas que mais exportavam (a partir de 1965 já possuía uma balança comercial favorável em relação à URSS, a maior economia do antigo bloco soviético) e cumpriam papel de relevo no abastecimento desse mesmo bloco. Logo após a Guerra civil, o Partido do Trabalho da Coréia levou a cabo o Primeiro Plano Trienal 1954-1956 para reconstruir a economia não da forma unilateral como ela se encontrava antes da guerra (quer dizer, uma economia colonial voltava para o abastecimento da metrópole, que possuía ramos muito desenvolvidos em contraste com vários outros atrasados, caracterizando uma economia muito deformada), mas para dar a ela novas bases para a construção de uma nova economia socialista. Kim Il Sung, principal líder da RDPC, sugeriu que fosse levado a cabo o projeto de incrementar o desenvolvimento da indústria leve e rápida tendo como base o incremento, também, da indústria pesada. Rendendo agradecimentos às democracias populares que ajudaram na reconstrução econômica e sendo beneficiada por bilhões de toneladas de recursos minareis fundamentais na industrialização (a Coréia do Norte possui metade das reservas mundiais de carvão), a partir de 1970 a Coréia do Norte já configurava-se como um país industrial-chave em siderurgia, indústria química, indústria de bens de consumo, de materiais de construção, etc. Depois do triste retrocesso pelo qual passou nos anos 90, a indústria já está se recuperando e está recheada de metas para o ano de 2012. Visitamos uma fábrica de alimentos em Pyongyang e pudemos ver uma indústria altamente mecanizada e que atendia às demandas internas (já que, em termos de distribuição, dedicava-se ao abastecimento apenas da capital, Pyongyang). Produzia 2 mil garrafas de refrigerante por dia; 10 mil litros de licor por mês; 2500 picolés por hora; 3 toneladas de balas por dia e 3 toneladas de pão por dia.
Fala-se muito da impossibilidade de consumo no país. Pelo o que você viu, o norte-coreano médio pouco consome?
R: Creio que isso demanda uma análise mais radical de como se encontra o estado da economia norte-coreana nos dias de hoje. É difícil falar do consumo do cidadão médio tendo como base de análise a produtividade de uma única fábrica que sequer produz todos os bens necessários para a existência do indivíduo. Porém, levando em conta o salário mínimo norte-coreano (2 mil wons) e os baixos preços dos produtos e dos aluguéis (estes últimos não ultrapassam 1% do salário nominal dos trabalhadores), além da não-existência de qualquer tipo de imposto e de serviços como educação e saúde 100% gratuitos, podemos especular mais ou menos como se encontra o poder de consumo do norte-coreano regular. Aceito sugestões.
R: Creio que isso demanda uma análise mais radical de como se encontra o estado da economia norte-coreana nos dias de hoje. É difícil falar do consumo do cidadão médio tendo como base de análise a produtividade de uma única fábrica que sequer produz todos os bens necessários para a existência do indivíduo. Porém, levando em conta o salário mínimo norte-coreano (2 mil wons) e os baixos preços dos produtos e dos aluguéis (estes últimos não ultrapassam 1% do salário nominal dos trabalhadores), além da não-existência de qualquer tipo de imposto e de serviços como educação e saúde 100% gratuitos, podemos especular mais ou menos como se encontra o poder de consumo do norte-coreano regular. Aceito sugestões.
Ainda falando sobre cultura, como ela é valorizada no país?
R: A cultura é, de longe, o que o povo coreano mais valoriza. É usada como uma forma de educar os cidadãos e as novas gerações no espírito do socialismo e do comunismo para que se tornem trabalhadores que lutem pelo progresso do país. O coletivismo está presente entre os coreanos mesmo das formas mais simples: É comum ver todos se dedicarem a plantar flores ou decorar a cidade nos dias de descanso, ou limpá-la a qualquer momento. Todos se tratam de forma "camaradesca", como uma família. Talvez isso explique a importância que a Idéia Juche dê ao aspecto ideológico na construção socialista.
Quem tiver curiosidade de conversar com alguém que esteve neste distante e curioso país, pode entrar em contato com André Drumond Ortega Filho, no Facebook .
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